Em Dezembro passado, iniciei estes convites para a minha única “assoalhada” com a grande LUSIBERO que me deu a honra de aceitar entrar na minha humilde Palhota.
Foi um dos momentos mais brilhantes do ZAMBEZIANA.
Claro que eu gostaria de convidar todos de uma vez e fazer uma grande festa a “FESTA DA PALAVRA” mas não é possível dada a exiguidade do espaço.
Por outro lado, teremos uma maior e melhor oportunidade de “saborearmos” atentamente o que escreve cada um dos meus convidados/as.
A Manuela Baptista é uma Amiga especial. Um dia os nossos caminhos cruzaram-se e eu dei conta que havia um espaço junto ao mar que devia ser mágico… Entrei! E tal como uma criança maravilhada, abri os olhos de espanto e fiquei pendente das suas palavras. “Conta, conta mais…” E não me canso de ler histórias e contos maravilhosos onde nunca sabemos quando acaba o sonho e começa a realidade… porque a Manuela esconde o que é triste, verdadeiro e chocante com um papel fino da magia e fantasia, como se fazem com os rebuçados…
E fica sempre um desejo: voltar e voltar, voltar sempre àquele canto que tem “o mar por fundo”!
Obrigada Manuela!
Hoje, Zambeziana convida... Manuela Baptista!
"CORAÇÕES DE OURO EM REINOS DE LATA"
Há muitos, muitos anos que eles voltavam sempre no mesmo dia, vindos de longe, belos, majestosos, o coração em festa e junto ao peito uma caixinha fechada forrada a seda pura, contendo um secreto presente. Sabiam onde se dirigir, guiados por um amor que os cativara e cativos eram de um amor assim.
Às vezes encontravam-no junto ao portão de um condomínio de luxo, outras, numa prisão, num carro abandonado, num bairro degradado, no quarto de uma pensão.
E pegavam-lhe ao colo, cantavam-lhe uma canção de embalar, faziam-no rir, vestiam-lhe casaquinhos de lã e botinhas de pele de carneiro e contavam-lhe histórias para ele não ter medo do escuro.
Mas com o passar do tempo a sua busca tornou-se mais complexa e quando chegavam, já ele estava crescido, com um olhar de medo e ouviam o assobiar das bombas, o estampido das armas, a intolerância que gera o ódio, a ganância, a corrupção, a miséria.
O coração dos três Homens belos e majestosos, vindos de muito longe, tomava a palidez das terras por cultivar e as caixinhas fechadas forradas a seda pura, enchiam-se de lágrimas afogando os secretos presentes. E chegou um ano em que não regressaram, no mesmo dia, nem noutro dia qualquer.
Depois, foi um frio intenso que invadiu toda a terra, como se o sol tivesse perdido todo o seu fulgor. Os troncos das árvores quebraram, as pétalas das flores ficaram queimadas, os rios e os mares gelaram e os seus habitantes interrogaram-se consternados e tristes “ Que fizemos nós, para que esta solidão nos invadisse, para que este manto gelado nos cobrisse, para que até o respirar se torne penoso, o caminhar seja quase impossível e fazer crescer o trigo seja novamente uma tarefa de escravos?”. Os homens da terra eram pobres e sentiam-se vazios.
O tempo passou, estendeu-se como o nevoeiro por cima do mar, como um tapete vermelho que se desenrola, como uma toalha de linho sobre uma mesa de festa.
Uma noite de lua nova em que as estrelas brilhavam com mais fulgor e o silêncio cobria todas as coisas, ouviu-se um clic, um clac e um terceiro clic, assim como uma caixinha que se abre. Os homens da terra agitaram-se no seu sono sem sonhos, mas não acordaram e pela estrada mais suja, deserta e gelada caminhavam os três, os corações ansiosos e saudosos pela ausência, mas com uma esperança incontida no peito.
E no bairro mais pobre, na casa de lata reencontraram-no, guiados por um amor que os cativara e cativos eram de um amor assim.
E o menino riu como sempre ria e eles riram com ele e dentro do peito dos três Homens vindos de longe, belos e majestosos, batiam felizes, três corações dourados.
Lá fora o gelo derreteu e os homens da terra vazios e tristes começaram a sonhar.
Às vezes encontravam-no junto ao portão de um condomínio de luxo, outras, numa prisão, num carro abandonado, num bairro degradado, no quarto de uma pensão.
E pegavam-lhe ao colo, cantavam-lhe uma canção de embalar, faziam-no rir, vestiam-lhe casaquinhos de lã e botinhas de pele de carneiro e contavam-lhe histórias para ele não ter medo do escuro.
Mas com o passar do tempo a sua busca tornou-se mais complexa e quando chegavam, já ele estava crescido, com um olhar de medo e ouviam o assobiar das bombas, o estampido das armas, a intolerância que gera o ódio, a ganância, a corrupção, a miséria.
O coração dos três Homens belos e majestosos, vindos de muito longe, tomava a palidez das terras por cultivar e as caixinhas fechadas forradas a seda pura, enchiam-se de lágrimas afogando os secretos presentes. E chegou um ano em que não regressaram, no mesmo dia, nem noutro dia qualquer.
Depois, foi um frio intenso que invadiu toda a terra, como se o sol tivesse perdido todo o seu fulgor. Os troncos das árvores quebraram, as pétalas das flores ficaram queimadas, os rios e os mares gelaram e os seus habitantes interrogaram-se consternados e tristes “ Que fizemos nós, para que esta solidão nos invadisse, para que este manto gelado nos cobrisse, para que até o respirar se torne penoso, o caminhar seja quase impossível e fazer crescer o trigo seja novamente uma tarefa de escravos?”. Os homens da terra eram pobres e sentiam-se vazios.
O tempo passou, estendeu-se como o nevoeiro por cima do mar, como um tapete vermelho que se desenrola, como uma toalha de linho sobre uma mesa de festa.
Uma noite de lua nova em que as estrelas brilhavam com mais fulgor e o silêncio cobria todas as coisas, ouviu-se um clic, um clac e um terceiro clic, assim como uma caixinha que se abre. Os homens da terra agitaram-se no seu sono sem sonhos, mas não acordaram e pela estrada mais suja, deserta e gelada caminhavam os três, os corações ansiosos e saudosos pela ausência, mas com uma esperança incontida no peito.
E no bairro mais pobre, na casa de lata reencontraram-no, guiados por um amor que os cativara e cativos eram de um amor assim.
E o menino riu como sempre ria e eles riram com ele e dentro do peito dos três Homens vindos de longe, belos e majestosos, batiam felizes, três corações dourados.
Lá fora o gelo derreteu e os homens da terra vazios e tristes começaram a sonhar.
Manuela Baptista
Estoril, 30 de Dezembro de 2009
Estoril, 30 de Dezembro de 2009
http://historias-com-mar-ao-fundo.blogspot.com/

"Eles voltavam sempre no mesmo dia, vindos de longe"
ResponderEliminarVoltarão hoje? A estrela ainda permanece no céu...
O menino e tantos outros meninos precisam do seu amor. E os homens? Esses, não se podem esquecer de continuar a sonhar... Lindo, Manuela! Sinto que todos gostarão da tua história. Fui buscar ao teu canto, a minha prenda de Reis para todos os meus Amigos... Também ela veio de longe... de muito longe, guiada pelo coração!
Um beijo e obrigada!
Graça
GRAÇA PEREIRA
ResponderEliminarMinha Amiga,
Envergonhado, apareço por aqui:
Não é justo fazê-lo logo quando aqui publica o conto da Manela!
Pensei não deixar comentário mas seria ainda mais injusto ...
Assim, aqui me tem de mãos nuas e sem mais justificações, grato pelo que vejo e reconhecido também.
De muito longe ... o meu coração vibra!
Um beijinho e um bom ano para Si
Jaime Latino Ferreira
Estoril, 6 de Janeiro de 2010
Jaime, Meu Amigo
ResponderEliminarNunca envergonhado..A Manela tem o condão de fazer pontes! Então,seja ela a nossa,na certeza de que nas duas extremidades, estarão vontades para cultivar uma sã Amizade.
Um beijo
Graça
Que lindo... grata pela partilha. Parabéns a Manuela por tão belo texto!
ResponderEliminarGraça,
Feliz Ano Novo ! Sua gentileza e carinho me encantam.
Abraços fraternos,
Gisele
Passei para te agradecer as palavras e a partilha.
ResponderEliminarUm excelente 2010!
Um beijo,
Chris
Esta história está magnífica. Parabéns à A Manuela e também à Graça que soube divulgá-la com mais carinho e amor.
ResponderEliminarEsta partilha é que dá o verdadeiro sabor das situações.
Vim de mãos vazias mas saio de coração cheio.
Há quem guarde tudo para si
ResponderEliminarhá quem faça de si o centro do mundo e não veja mais nada
mas também existem, os que abrem as portas das suas casas
ou as têm sempre abertas
e multiplicando gestos tornam a vida mais bonita!
à Graça cheguei
invejando-lhe um carro encarnado
um grão de café
o cheiro das terras de África
e fui passeando pelas ruas da sua terra
pela sua casa de um outro continente
pelos amigos
e pela sua família
até chegar a esta, onde agora habita
e onde
apesar das ausências dos que acabam sempre por nos deixar
espero
seja feliz!
Que as dádivas dos reis
sejam as nossas dádivas
porque se não é preciso muito para dar
é preciso muitíssimo!!!
para receber.
um grande beijo à Graça
e aos que já aqui me deixaram palavras bonitas
Manuela
Graça
ResponderEliminarVocê sempre tão especial em suas atitudes. Esse seu jeito de ser que cativa a todos.
Bjs
Graça , fiquei maravilhada minha amiga, que lindo! ja fui visitar nossa nov amiga obrigada por mais este presente para nós. bjs
ResponderEliminarMe sinto presenteada pelos Reis e por você, querida Graça.
ResponderEliminarE a Manuela tem agora uma nova seguidora.
Sou grata
Alzira
Até aos Reis é Natal ( diz-se por aí). Eu desejava que o Natal começasse aqui e agora; cheira-me a Natal neste bolgue, gosto de a ler, pedacinho a pedacinho. Assim em jeito de agradecimento pela visita ao meu "cantinho", aqui renovo os meus votos de um 2010 cheíinho de Paz e Harmonia e que a inspiração nunca lhe fuja.
ResponderEliminarAbraço
Arroba
Obrigada pela prendinha desta data.Veio de longe guiada pelo teu coração e entrou directamente no meu...:) Linda história esta da Manuela Baptista. Beijo longínquo
ResponderEliminarGraça.Mais um belo texto para ler e meditar na história,a partilha entre amigos sempre é uma mais valia para conhecer.Sempre haverá uma estrela que nos guia,no dia a dia de cada um,preciso crer um pouco.
ResponderEliminarObrigada pelas palavras sempre amigas no blogue,o filho está melhor felizmente.
Beijinho Lisa
Parabéns Manuela. A sensibilidade, a elegância e o jogo das palavras simples são apanágio de um talento inato de que já me havia apercebido noutras intervenções suas.
ResponderEliminarBom Ano de 2010 com os sonhos e visitas que deseja.
MUNHAMADE
Que lindo! obrigada pela partilha.
ResponderEliminarBom dia de reis.
Bjs
E assim, o meu dia Dos Reis Magos chega ao fim com mais amor.
ResponderEliminarAbraço.
Adorei o texto Graça, um bom ano cheio de textos maravilhosos.beijinhos
ResponderEliminarbeijinho, ÓPTIMO ano :))
ResponderEliminarSabes Graça... a amizade é a mais sublime forma de amor! Feliz de quem tem tão admiráveis amigos!!! Tu mereces!!!
ResponderEliminarUm abraço
AL
Oi Graça!!!
ResponderEliminarParabéns a Manuela por este belíssimo texto!
Muito obrigada por partilhá-lo conosco.
Beijinhos
Ângela
Que lindo amiga.
ResponderEliminarOs meus sinceros Parabéns à tua convidada, a Manuela.
Obrigada pela partilha.
Tenho um miminho para ti, no meu blog, mimos e desafios.
Jinhos grandes
LINDO CONTO, MANELA... Expôe ao mundo o amor, respeito e carinho da união dos povos com o MENINO-DEUS...Quem dera que todos os meninos do mundo pudessem ver ,não os REIS mas...a estrela que pode iluminar o coração dos homens!
ResponderEliminarbeijinhos, Manuela!
Para ti, Gracinha ,um abraço especial, de muita ternura por teres a capacidade de perceber que estas tuas convidadas nos congregam em torno de um projecto comum de paz e fraternidade!
BEIJOS DE
MªELISA(LUSIBERO)
Que bonita história para celebrar o fim da época festiva...
ResponderEliminarOlá Graça,
ResponderEliminarÉ muito bom passar por aqui, e ver tanta amizade, tanto carinho, em todos os comentários aqui na palhota da Graça, mas ela também faz igual nos blogs por onde passa, e o amor com amor se paga,
Parabéns também à Manuel
e um beijinho,
para cada uma,
José
Olá Graça!
ResponderEliminarMal comecei minhas férias e não consigo ficar longe do blog!
Não pude deixar de vir aqui e agradecer sua visita.Me sinto lisonjeada por parecer com uma amiga que gostas tanto! Sei que nos tornaremos também grandes amigas!Obrigada pelo carinho, obrigada pelo selo e, até breve.
Edna.
Escreves com a alma,mulher guerreira e escriba ,de doçura nossa,em de Babel Torre Invertida essa virtual rede de amigos infinitos entre oceanos!
ResponderEliminarbzu na alma!
Viva La Vida!
E agora venho aqui
ResponderEliminarcantar aos reis!
Era um costume muito bonito, que se perdeu
na pressa imensa de avançar pelos anos, esquecidos de que até o mais bondoso dos reis precisa de ouvir cantar...
Dou um beijo à Graça, pela página que me ofereceu
e aos que por me lendo,
me enviam beijos e abraços.
É bom estar entre amigos!
Manuela
Manela:
ResponderEliminarFoi bom ter-te aqui na minha Palhota fechando o ciclo natalício... Foi MARAVILHOSO...foi de REIS!!
Eles, regressarão à lonjura do espaço e do tempo... e nós, começaremos o "tempo normal" deste novo ano continuando nesta partilha que é a forma mais elevada de amor..Partilhar com os outros o que está em nós...Sempre!
Um beijo Amigo e grato
Graça
:)
ResponderEliminar:))
:)))
manuela
Querida amiga Graça,
ResponderEliminarTudo o que aqui se publica é simplesmente maravilhoso, fantástico e simultâneamente, no caso deste fabuloso texto, de alguma forma fascinante, porque me envolveu quase num mistério que me levou a ficar em suspense até ao fim.
L I N D O !
Parabéns à autora.
Beijinhos
Ná
Olá Graça,
ResponderEliminarUm pouquinho atrasada, mas de lágrimas nos olhos conclui a leitura desta história, porque ela contém tudo aquilo que me sensibiliza, sobretudo aqui:"E no bairro mais pobre, na casa de lata reencontraram-no", aqui onde os Reis voltaram a um presépio de amor.
E assim me vou na esperança de que eles continuem a voltar todos os anos com os seus três corações dourados e brilhantes.
Tudo de bom para si.
Beijos
Parabéns a você e à convidada Manuela, por nos brindar com esse belo e emocionante texto.
ResponderEliminarUm beijo
Fernanda
ResponderEliminarBranca
e
Lau
obrigada!
beijos
Manuela
Manela
ResponderEliminarQue bom os Reis ainda continuarem por aqui... quando se escreve com o coração como tu, é assim...
Um beijo e boa semana
Graça