segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

A minha tenda é África…


Tenho o céu por telhado e o sol por vidraça.
O meu caminho fica dos amigos, lado a lado.
Cheio de acácias que lhe dão graça,
Lembrando liberdade,
Rubras como o coração,
A pulsar cheio de vida.
O vento traz-me amizade temperada com ilusão,
Como sobremesa mais apetecida.
Moro junto ao embondeiro
Onde o batuque toca sem cessar,
Esquecendo saudades e mágoas.
Quero-vos por perto, companheiros,
Comigo a navegar em torrentes de mil águas.
O por do sol ensanguentado
Dormirá por detrás do palmar
Descansando da sua viagem.
O tempo, sempre lembrado,
Contará histórias de encantar
Trazidas por alguma nuvem.
O luar, doce, cheio de prata
Envolverá a minha tenda onde a saudade se mata
E eu me dou como uma prenda…
Nada acontece por acaso. Não existe sorte.
Existe um significado por detrás de cada facto.
Não quero horas paradas sem nada que fazer,
De mãos vazias para dar.
Quero as mangueiras orvalhadas
Onde aprendi a crescer,
E o mundo soube olhar.
A minha tenda é África
Grande, generosa, sem limitações
Como o fruto de caju a abrir.
Há feitiço no recordar,
Saudade no meu coração
Pinceladas a sorrir…
E o batuque toca sem cessar.

- Maria da Graça Machado