sábado, 7 de setembro de 2013

Ser Viúva


Esta é uma "vocação" pela qual nunca nenhuma mulher optou.
Ao sair da igreja com a alma em festa e a mão poisada no braço do companheiro que escolheu para trilhar uma estrada a dois, pensa que será para sempre. Nada poderá interromper este sonho de felicidade. Poderá acontecer a outras, mas não a ela! Juraria que ele é imortal... e depois tão saudável.
Afinal a sua vocação foi sempre o caminho do matrimónio. Esta sim era, e é, uma vocação, agora a viuvez? Nunca ouvira tal, mas há quem lhe chame assim... E há movimentos a lembrar este estado que ela quer esquecer. E serão bem vindos se não falarem nesta "vocação" como se fosse um estigma ou uma maldição. São umas coitadinhas! São precisos grupo mistos que apoiem estas mulheres que ficaram sós mas que continuam a ter vocação de esposas. "Não separe o homem aquilo que Deus uniu" (Mt. 19,6). Eles partiram, mas estão apenas ausentes, assim lhes diz a sua fé. E estas mulheres continuam a ser mulheres, mães, profissionais e esposas.

 
Mas a sociedade não entende assim e marginaliza a mulher viúva. Desde o Antigo Testamento, embora Jesus, o Mestre, e os seus apóstolos tenham enaltecido sempre esta figura quase patética (Lc. 7,13; Mc. 12,42-44; I Tim. 5/3,5).
Muitas ficam totalmente sós, desprotegidas e abandonadas, sem apoio social ou económico. Algumas até sem um único ente familiar. É evidente que, durante séculos e séculos, esta situação passou a ser vista de uma maneira mais positiva. Mas não se animem os otimistas, nem tudo foi relevado.
No Antigo Testamento a mulher viúva era conotada como rasteiro (Zac. 7,10), em suma, uma deserdada da sorte (Lev. 22,13).
Ainda no Antigo Testamento a mulher viúva tinha três hipóteses de caminho a seguir. Podia voltar a casar se tivesse um bom dote; podia trabalhar para ganhar o seu sustento; ou podia voltar para a casa dos pais.


Hoje, com a emancipação da mulher, e o seu novo lugar conquistado na sociedade é quase sempre a segunda hipótese a mais seguida. Mas, a nível de Estado, e não só, a viúva continua como antigamente, desprotegida.
A pensão de viuvez é muito menos de metade do vencimento base do seu cônjuge. Havendo filhos menores a estudar de que modo pode ela fazer face a uma situação em que se encontra já penalizada emocionalmente?
E a nível da Igreja, do espírito cristão, como são acolhidas as mulheres de "vocação" não escolhida e muito menos compreendida e apoiada?
É um estudo feito por uma mulher que ficou só, que é posto aqui como desafio a toda a sociedade, ao Estado e à Igreja.