segunda-feira, 30 de março de 2009

Aniversário


Faz hoje trinta e quatro anos que nos casamos na velhinha Igreja de Nossa Senhora do Livramento em Quelimane. Era domingo de Páscoa e os sinos tocavam duplamente. O senhor Padre Lino, que presidiu ao nosso sacramento, tinha-me pedido: por favor chegue a horas porque depois tenho o compasso. O ar cheirava a amêndoas e a pão-de-ló. Não poderíamos ter escolhido melhor dia. Os sentidos da data entrelaçavam-se numa “ressurreição” perfeita. Com os “Bons Sinais” a nossos pés, os nossos familiares e amigos à nossa volta, tínhamos tudo para sermos felizes. E fomos até há dez anos atrás quando o Senhor da vida te levou Consigo. No entanto, o meu coração festeja sempre este dia e a minha aliança de casada na minha mão diz-me tantas coisas… Como esquecer? Oiço-te dizer:
“Eu sei, miúda, eu sei “.



Muitas destas pessoas, já não estão entre nós. Outras, perdi-lhes o rasto… Gostava de saber delas. Eram meus amigos e do Eugénio, testemunhas do nosso Sacramento. Sabem-me dizer aonde param?

domingo, 29 de março de 2009

Os nossos Domingos


Nós também tínhamos uma “Lagoa Azul” não propriamente hollywoodesca mas linda de morrer. Quantos domingos passamos ali… e não só
. Em tempo de férias dava-se muitas vezes um pulinho até lá. Ficava depois de Nicoadala na estrada para Mocuba. A seguir a uma curva apertada, metia-se por uma picada do lado esquerdo da estrada principal e lá íamos nós aos saltinhos contando as covas até chegarmos ao Paraíso. Mas valia a pena. O meu “Boguinhas“ (Fiat 500) queixava-se um pouco mas como dos fracos não reza a história, nunca me deixou ficar mal. As fotos a seguir são de umas férias de Agosto de 1969, com o meu irmão e a nossa prima Zé Lobo. Para além da Lagoa a própria vegetação cerrada que ladeava a estrada era já o princípio de um dia inesquecível. Os odores fortes, talvez a batata-doce, inebriavam-me de tal maneira que ainda hoje os sinto. Não resistíamos: parávamos e enchíamos os pulmões daquele perfume quase até ficarmos adormecidos, depois, pegávamos na velha Kodak e recolhíamos todas as imagens possíveis.



“Diana, a caçadora“. Tal e qual! (É assim a legenda retirada também do álbum). Há que ser fiel…




O herói desta história toda… O MQA 20-09, VERMELHINHO.



Esta foto é surrealista, psicadélica própria do realizador Steven Spielberg.



A imagem não está com arte mas é só para se ter uma noção (pequena) da extensão da Lagoa. Era um habitat natural de aves migratórias lindíssimas.

sábado, 28 de março de 2009

Parabéns Manito!

Só as pessoas importantes fazem anos ao sábado….

Um grande beijo de Parabéns do tamanho do nosso Moçambique. A verdadeira Amizade de irmãos como a nossa transcende o tempo e o espaço…. É eterna. Não importa a idade nem a história de cada um mas sim a sintonia que partilhamos nas nossas recordações de uma infância e juventude felizes assentes no amor dos nossos pais. Olhamo-nos sempre com ternura porque guardamos dentro de nós a essência do coração do outro.

A amizade da tua irmã.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Pensamento do Dia


"Chega-se ao cume da montanha prosseguindo sempre, passo a passo, sem nunca parar no caminho."


- Sara Bronzino

Emoções


As minhas emoções mais remotas estão ligadas à minha terra, quente e farta. Aos meus irmãos negros, trabalhadores no palmar, nos arrozais, nos campos de sisal e algodão… Vejo nas aldeias indígenas, junto às grandes mangueiras, uma profunda sugestão de pobreza e amo a pobreza acima de todas as coisas; não a pobreza sórdida e famélica mas a pobreza que é abençoada: simples, humilde como o pão escuro ou como os “tarragos” cheios de mangas que trazíamos das visitas às “tembas”. Vínhamos sempre mais ricos do meio de tanta pobreza… Era uma alegria serena que nos inundava o coração. Alegria plena, vida interior com sentido. Queria rever as mesmas coisas, a velha mangueira onde debaixo da sua sombra, eu falava de Deus às crianças… os nenúfares espalhados pelo verde dos arrozais, ali no quilómetro cinco; aquela casa distante no meio do nada e que sempre me encantou falando do tempo, de histórias imaginadas; aquele pequeníssimo cemitério indígena junto à estrada para Nicoadala que, no princípio, me metia medo por causa da sombra e do mistério mas que depois, reduzido à sua dimensão, me falava de pombas e de cantos de pássaros… Queria rever tudo e queria-o nos lugares de sempre.



Por entre o palmar, ficava a Palavra… Aqui era Momogoda, a caminho do Zalala.





Os nenúfares, tantos… nunca me cansavam!






CHUABO
De luar de prata…
CHUABO
Ai, a saudade mata…

segunda-feira, 23 de março de 2009

Aniversário


O meu blog faz hoje um mesito! Sei que é ainda pouco tempo mas estou contente com o número de visitas que a minha palhota recebeu… Queria comentários, muitos comentários para que entrássemos todos numa conversa amiga, daquelas que não têm fim e que com todas as dicas, ponta daqui ponta dali, conseguíssemos reconstruir uma vida… Vá lá, passem aos amigos a direcção da palhota. Fica ali, quase ao virar da esquina em frente das acácias rubras que, de tão vermelhas que são “ensanguentam” toda a rua. Não há que enganar… bem no centro do Chuabo perto de quase tudo: Escola Vasco da Gama, a SUT, o Sporting, o Palácio das Repartições, o cinema Águia numa ponta e na outra, o Benfica. É movimentada a minha rua. Passam por lá todos os meus amigos.

Primeira Semana da Primavera


Esta manhã, em redor da minha casa, o mundo parecia dormir despertado apenas pelo bando de passarinhos que vão chegando aos poucos e não se cansam de cantar. Abri também as minhas asas e fui por aí fora… Antes, dei corda ao meu velho relógio de parede, tão velho como eu. Deixei-o retalhando o tempo com o seu tiquetaque já não tão sonoro como antigamente. Será que a alma das coisas se vai gastando? Não sei!
Deliciei-me com o meu passeio a pé. A natureza expande-se em força neste novos dias. Acredito que há risadas entre os ramos que se estendem depois do atrofiamento do Inverno. Penso na citação de Duhamel: “ Comunicando o que descobres trabalhas para os outros e para ti ao mesmo tempo. Dás uma forma ao teu sonho e entrega-lo assim, perfeito, a quem quiser colhê-lo… Fala, fala sempre do teu sonho.”
E eu falo. Falo sempre do meu sonho (não a toda a gente), deste sonho que colhi e guardo na minha alma. Acredito que chegarei à foz do rio, apesar das represas que vou encontrando, algumas bastante difíceis de transpor. Quando não consigo, deixo-me ir ao sabor das águas e às vezes, quantas agradáveis surpresas… Nem sempre é mau deixarmos que a vida nos leve. Outras vezes mergulho nas recordações para ganhar energias. De novo cito Duhamel: “Não acrediteis que possuir uma recordação é possuir um mundo morto. O mundo das lembranças vivas está indissoluvelmente ligado às nossas ocupações e aos nossos actos que ao acumular recordações, temos a impressão de preparar, de edificar o nosso próprio futuro.” Acredito que assim seja. Neste tempo de Primavera são vitaminas que vou tomando e que são precisas para retemperar forças.
É admirável que a minha “juventude” se revele, de novo, tão depressa apesar de tantas preocupações e solidão do coração. A mocidade (pelo menos a interior) é como este tempo, renasce sempre, ou de vez em quando, e eu faço também por isso.

Pensamento do Dia


“Se encontrares um caminho sem obstáculos pensa que talvez não te leve a lado nenhum.”

- Autor desconhecido

domingo, 22 de março de 2009

O Silêncio


Quem disse que o silêncio
Não fala?

A semente, na terra,

Germina na calada da noite…

É tolice pensar que o silêncio

Não gera a vida

E tem mistério

Que não sabe revelar.

Ele é essência do fruto maduro

Que gota a gota se formou,

No escuro.

É tempo sem idade

Que nos ensina a calar.

É seiva imensa que lembra

Eternidade.

É pátria dos fortes,

Dos que não têm nada.

Basta-lhes o silêncio como fonte.

Alimentados pela solidão,

Gritam liberdade na noite vazia.

São pesados os sonhos

Dos que apenas sabem falar.

Por isso não têm

Tempo para pensar.

Falta-lhes o sorriso

Cultivado no silêncio,

Guardado como a semente,

A germinar.

Virá um dia em que o silêncio

Será flor,

Será palavra colhida com amor

Na terra arada pelo sofrimento

De tanta gente.

Infelizes são os que não entendem

Que há um momento

Em que o coração sente que os mais felizes

São os que falam

Com o pensamento.

Dizem tudo sem dizerem nada

Porque o silêncio é grande,

Quando fala.


Graça Pereira (Machado)

Pensamento do Dia


“A ave constrói o ninho, a aranha a teia e o homem a Amizade “


- William Blake.

Primavera

Dia 20, às 11.44h, entrou a Primavera! Que bom! Talvez seja ocasião para darmos um pontapé à crise, à tristeza, à solidão, à angústia, fecharmos o cinzento do Inverno e pormos a alma ao sol. Claro que ainda virão dias de chuva (Abril, águas mil…) e algum frio mas parece-me que o calendário, nesta altura, é uma bengala que nos apoia com o rótulo “passageiro”. As janelas são abertas mais cedo e fechadas tardiamente para que o sol possa fazer o seu trabalho. Arrumam-se as gavetas e vasculha-se o passado! Neste momento, ponho em ordem os meus álbuns fotográficos. De Quelimane trouxe “apenas” 23… Pouca coisa! Vêm de um deles as 4 fotos que se seguem… Venham daí e acompanhem-me neste pulinho até ao Chuabo…



Inauguração da FAE que de tanto orgulho encheu os nossos corações de zambezianos… Eu, recebendo os cumprimentos do senhor Governador Geral de Moçambique; atrás, o Senhor Governador da Zambézia, Brigadeiro Henrique Nascimento Garcia e… tanta, tanta gente conhecida! Lembram-se dos seus nomes? Se quiserem, eu dou uma ajudinha…



O casamento da Manuela (que era professora) e cujo copo-d’á
gua foi no Hotel Quelimane. Digam lá se não haviam moças bonitas na terra dos cocos?




Pa
sseio de um grupo de amigos ao Monte Iero onde existia a pequenina capela de Nª Sª da Boa Esperança – fruto do cumprimento de uma promessa de alguém que numa hora difícil recorreu à Virgem. Era um local muito bonito e aonde se faziam muitas excursões. Como na altura, felizmente, não havia televisão, os nossos programas de fins-de-semana (e não só) eram extensos e variadíssimos. Legenda: da esquerda para a direita, em pé: Ferreira, Lena Araújo, Julieta Varela, Graça Pereira, Leónia, Luisa Ferreira, Zézinha Ferreira. De joelhos: Amadeu, Mitá, Amélia(?), Jójó Pereira (meu irmão) e Sousa Henriques.




Em tempo de férias o estud
ante universitário Jójó Pereira rodeado do mulherio, numa festa a si dedicada no Aeroclube de Quelimane. Da esquerda para a direita, de pé: Adriana, Nelinha Ribeiro, Lhú, Cristina Ferreira, Mitá, Jójó, Lindita Monteiro, Laura Alves e Teresa. De joelhos: Julieta Varela, Odete, Géninha Gonçalves, Graça Pereira, Luísa Ferreira, Helena Araújo e Fátima Gouveia.

terça-feira, 17 de março de 2009

Pensamento do Dia


"O tempo que passa não passa depressa. O que passa depressa é o tempo que passou."

- Vergílio Ferreira, In Tempo

Colegiais...


Tínhamos decidido não fazer o ponto de História na segunda-feira. Era então nossa professora da disciplina a Madre Maria D’Aquino que acumulava ainda a disciplina de Desenho. As festas e a farra no fim-de-semana não nos tinham deixado tempo para gastarmos os neurónios a rever a matéria. No final da matinée no Cinema Águia, o grupo assentou arraiais na Marginal para combinar pormenores. O teste era à primeira hora (7 horas) pelo que teríamos de estar na esquina do Colégio, em frente à casa Vieira, quinze minutos antes para que tudo corresse sem percalços. Mas… há sempre um mas… uma das alunas internas, nossa colega, soubera da nossa trama e denunciou a turma à professora (ainda hoje estamos para saber como ela o soube…). Estávamos nós em grandes conciliábulos quando de repente, pelo portão antigo do colégio, saem a Madre Maria D’Aquino e a “delatora”. Um dos colegas gritou: “Fujamos!” Ah pernas de juventude, agilidade não nos faltava… Com os livros debaixo do braço depressa chegamos em frente ao Benfica. Naquele cruzamento ficamos indecisos: para onde correr? Em direcção à Câmara ou até ao prédio Baião? Não tínhamos muito tempo para pensar pois a mestra e a sua sombra aproximavam-se a passos largos. Então alguém teve uma feliz ideia: metemo-nos no Benfica que é um “antro de pecado” e a irmã não entra lá… E assim fizemos. Quase levávamos o porteiro à nossa frente com aquela avalanche! Depois, por detrás das vidraças do salão, olhávamos a rua. As duas chegaram esbaforidas à esquina, e olhando para todos os lados ficaram indecisas por não vislumbrar ninguém. Acabaram por voltar pelo mesmo caminho e nós, calmamente, fomos à segunda aula. Escusado será dizer que a turma toda teve um zero no ponto. O pior vinha depois… como explicar aos pais o que tinha acontecido? Nova reunião para estudar um motivo plausível e unânime: todos tínhamos boas notas à disciplina e não estando seguros daquela matéria não queríamos pôr em risco a nossa situação. Queridos pais…


NOTA: Quando cheguei a Portugal em 76, vindas de Fátima, do nosso colégio, chegavam-me às mãos com muita frequência cartinhas amorosas da querida Madre Maria D’Aquino encorajando-me no início de uma nova vida que todos nós tivemos que começar.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Pensamento do Dia


“O verdadeiro heroísmo consiste em persistir por mais um momento quando tudo parece perdido”.


- Anónimo

Homenagem


Soube há poucos dias do falecimento do Sr. Guilhermino Gonça
lves, em Dezembro passado. Era o Bibliotecário mais antigo da Câmara Municipal de Quelimane, grande amigo da minha família e afilhado de casamento do meu pai. Ele e a saudosa Florinda (sua esposa) foram dos amigos que, na nossa vida, mais estiveram presentes nas boas e más horas. Há pouco mais de um ano, ele telefonou-me e por certo notou na minha voz uma mistura de receio e de alívio. Rindo-se disse-me: “Não se preocupe, estou vivo! Quando me acontecer alguma coisa há-de saber.” Este seria o comentário de alguém que já viveu muito do que tinha para viver. Cumpriu com a vida, com a família, com os amigos. Foi ter com a sua companheira, tão chorada e amada. Para além da minha saudade e orações, aqui fica, em jeito de homenagem, uma foto do dia que foi de certeza o mais feliz da sua vida: o seu casamento. Nota: O copo-d’água foi servido no primeiro pavilhão da Escola Vasco da Gama, cedido muitas vezes para este efeito. O corpo principal (o maior) era a Escola propriamente dita e no último pavilhão (o da esquerda) funcionava a então Mocidade Portuguesa.

Festas de Quelimane


Em Quelimane tudo servia de pretexto para comemorar: eram os aniversários, as despedidas de solteiros, as idas para a tropa ou para a “Metrópole” estudar, as férias, as aulas… ou, simplesmente, a Vida! Esta é a imagem feliz do aniversário da Manuela Santos na hora de pôr os dentes a “trabalhar”… e eram sempre ementas de comer e chorar por mais… à moda da Zambézia, claro!! Para recordar, da esquerda para a direita: Teresa Pereira, Maria José Campos, Guidinha Ferreira, GRAÇA PEREIRA, Mário Pereira de Lima, Julieta Barata, Ana Rita Sousa, Glória Garcia, Manuela Santos (a aniversariante), Jorge Morais, Ana Branca Lobo, Ana Paula Sá Melo, Jójó, Rosa Pereira, Manuela Morais, Zamira Ferreira, Sérgio Azevedo, Tony Salazar e Vasco Ogando. Depois… afastava-se a mesa e dava-se ao pé!!

sexta-feira, 13 de março de 2009

Pensamento do dia


"O amor perfeito tem esta força: que esqueçamos a nossa alegria para alegrar quem amamos.
"

- Santa Teresa de Jesus

13 de Março, Sexta-feira! Gosto delas!!


Pois hoje, dia 13 de Março, lembro-me de uma amiga idosa que fazia anos precisamente neste dia. Chamava-se Eufémia Secundino, era mãe do Secundino que, às vezes, fazia parceria com o Victor Soares (um fala-barato simpático e um excelente contador de histórias) nas incursões pelo mato na caça grossa. Este era filho da D. Irene Soares que morava numa casa de madeira e zinco na R. Heróis da Zambézia, quase em frente à velhinha Associação Africana que, anos mais tarde, adquiriu uma nova sede, moderna e airosa, na rua que passava ao lado do campo do Sporting.
Num longínquo 13 de Março um grupo de senhoras e alguns elementos de Centro Juvenil de Quelimane organizaram uma festa de anos surpresa a esta querida amiga. Debaixo de uma latada e de outras árvores de fruta, apareceu uma mesa posta com tudo o que era bom, com direito a bolo com velinhas e muitas prendinhas. Guardo fotos deste momento, e guardo também, no meu coração, a alegria da D. Eufémia, penteada e maquilhada por mim e pela Lhu. Gestos destes eram normais no dia-a-dia da nossa cidade… A D. Eufémia há muito que partiu, bem como algumas das senhoras deste grupo, mas acredito que, numa outra dimensão, hoje haverá festa e muitas palmas de parabéns!

quarta-feira, 11 de março de 2009

Pensamento do dia


"A amizade vence a fuga veloz dos anos e dura sempre através do sorriso e das lágrimas."


- Catarina II da Rússia

Alô Felicita!


Estarás no Maputo? Hoje, 11 de Março, é o dia do teu aniversário.
Mil beijocas de parabéns por esta data.
Lembro-me, com saudades, das tuas festas de anos onde a tua mãe (a D. Luzia) fazia belos petiscos goeses e lanchávamos no teu terraço, donde se avistava a varanda da minha casa. Quantas vezes tu de um lado e eu do outro, fazíamos sinais, tal como os índios, para combinarmos as nossas horas de estudo ou de farra. Que saudades! Parece-me que foi ontem...
Quando puderes dá notícias.

À Memória de Eugénio Augusto Machado


10º Aniversário da sua partida


8 Março 1999 - 8 Março 2009

Passaram-se dez anos
Desde o momento
Em que o teu corpo
Desceu à Terra
Tal como uma raiz.
Mas o que é o tempo?
Puro engano!
Foi ontem, foi hoje?
Ninguém o diz.
Há lembranças
Que ficam no coração
E, às vezes, já não sabemos
Se foi realidade
Ou pura ilusão.

quinta-feira, 5 de março de 2009

OLÁ AMIGOS ZAMBEZIANOS, EX-COLEGAS DO C.N.A. (COLÉGIO NUNO ALVARES DE QUELIMANE) E COMPANHEIROS DE UMA VIDA!


Os anos rolaram como um rio, da nascente à foz. Ora calmos e pacíficos como os verdes anos da nossa infância e juventude, ora tumultuosos e agrestes quando o caudal, engrossado por lágrimas de perdas e dores, alagou as idílicas margens dos nossos sonhos e projectos. Quem se lembra deles? O tempo encarregou-se de fazer a sua subtracção e de tantos nomes dos que foram nossos companheiros e amigos, ficaram apenas rostos e histórias. E há palavras que continuam a correr como este rio, até ao fim.
Quantos foram capazes de fazer caminho? Quantos foram capazes de ultrapassar cansaços, desilusões, derrocadas e começar de novo?
Com o tempo, demo-nos conta que, afinal, o futuro não era tão risonho como esperávamos à partida… Com o tempo, verificámos que o caminho foi feito, muitas vezes, na solidão e na angústia… Com o tempo, aprendemos que a vida é um fio tão frágil que não tem fronteira com a morte. Com o tempo… e à medida que os nossos cabelos embranqueciam, ganhávamos em tolerância e tranquilidade. Com o tempo… aprendíamos a viver o dia de hoje porque o amanhã é incerto e inconstante e não sabemos se o colheremos. Mas ainda assim, trazemos agarrado a nós, o fogo das planícies africanas onde moldamos o nosso espírito e coração. Felizmente, somos daqueles que não desistem. Por isso a razão deste Blog onde, espero, pelo menos é essa a esperança, nos encontraremos outra vez para recordarmos os 1O, 15, 18, 20, 25, 30 anos, isto é, toda uma vida. Quem disse que o tempo não volta para trás? Já oiço as gargalhadas de quando éramos estudantes… Livros debaixo do braço à espera do toque para entrarmos nas aulas… Audaciosos, com um olhar que se perdia num horizonte sem fim, a vida tinha cheiros de mangueiras a cajueiros. Dávamo-nos por inteiro, por tudo e por nada. Tínhamos o mundo a nossos pés. Onde foi que nos perdemos uns dos outros? Não sabemos! Foi a um dado momento... As luzes apagaram-se sobre a ponte que nos unia. Mas, volvidos tantos anos, há um violino que toca uma melodia que conhecemos: saudade!! Ainda há um punhado daqueles que fizeram caminho juntos, depois da colheita do agricultor! Talvez não nos lembremos dos rostos uns dos outros… ou talvez sim mas com a dimensão da juventude. Não importa! Uma coisa é certa: houve um tempo que foi comum a todos nós… Quem sabe se, todos juntos, não encontraremos aquela estrela que ardia no céu de Quelimane à temperatura das nossas vidas? Vamos ser capazes de colocar o passado no presente de hoje. Vamos ser capazes de nos rirmos como perdidos… Vamos ser capazes de descobrir que a memória é a seiva que nos mantém vivos e unidos… O colégio fica ali ao virar da esquina… há aulas, há risos, há esperanças que nos aguardam. AMIGOS de ontem e de SEMPRE, vamos reinventar o belo das coisas maravilhosas que moram no fundo do nosso coração. Vou abri-lo com todos! Vamos ser capazes disso?

AQUELE ABRAÇO

GRAÇA PEREIRA (MACHADO)