domingo, 28 de outubro de 2012

De Jerusalém a Matosinhos (lenda)


Há muitos, muitos anos, quando apenas tinham passado uns quarenta anos depois da morte de Cristo, um jovem romano das terras da MAIA, de nome Caio Carpo Palantiano, cumpria os rituais da festa do seu noivado.
Era costume, nesse tempo, o noivo, antes de se ligar à sua amada, ir a cavalo pelo mar dentro com as vestes de guerreiro, talvez como forma de purificação ou gosto de exibir a valentia diante dos amigos e da noiva.

Mas aconteceu o inesperado. Porventura, ferido por algum pressentimento o cavalo de Caio arrasta o noivo para longe da praia. Entre os convidados alastra o medo. Espera-se o pior. O jovem será engolido pelas ondas revoltas. Mas não! Como que possuído de asas ou força misteriosa, o cavalo conduz o jovem até junto de uma nau que passa no horizonte. São os discípulos de São Tiago que levam o corpo do apóstolo, martirizado em Jerusalém. Vão a caminho de um refúgio na Galiza.
Perante o sucedido, aqueles homens interrompem o recolhimento em que iam. Com surpresa e alegria recebem o cavaleiro. Depressa entendem que é um milagre do apóstolo, um sinal de Deus. Ali mesmo Caio Palantiano recebe o baptismo na fé cristã.
De regresso à praia, o noivo parece um outro. Todo ele é um reflexo do fogo interior. E o seu corpo não vem molhado, mas apenas matisadinho de conchas, o que deu muita alegria àqueles que o esperavam. Maravilhados, também  eles receberam o dom da fé. E ao pequeno rio que perto desagua, chamaram-lhe LAETITIA, isto é, alegria, e que hoje tem o nome de LEÇA, enquanto o lugar ficou a chamar-se Matisadinho e que hoje, conhecemos como MATOSINHOS.

Entretanto, muito longe daqui, em Jerusalém, continuava a perseguição aos cristãos. Havia um que se chamava Nicodemos e que era escultor. Em madeira esculpia a imagem do Senhor Jesus. E, para não ver a sua obra piedosa destruída ou consumida pela fogueira dos perseguidores, atirou-a ao mar. Assim, as calmas águas do Mediterrâneo a levariam a paragens seguras.
E facto curioso, aonde é que a imagem foi encontrar abrigo, depois de tanto tempo à deriva no mar? Na praia do Matisadinho.
O povo que havia aderido à fé cristã, começou a venerá-la. Era muito bela mas vinha incompleta. O escultor, com a pressa de a querer livrar do fogo, não lhe fez um dos braços. Incapaz de desistir, mesmo na prisão, Nicodemos esculpiu o braço que faltava. Em segredo pediu a um amigo que o lançasse ao mar dizendo:
- Braço, vai unir-te ao corpo a que pertences.

 
Decorriam anos e a imagem do Bom Jesus era venerada sem um braço. Por mais braços que se fizessem, nenhum servia.
Até que um dia, uma pobre, andando pela praia de Matisadinho a apanhar algas secas para o lume, viu um pedaço de madeira e levou-o para casa. À noite, quando acendeu o lume, deitou nele o que trouxera da praia. Mas aquele pedaço de madeira saltou fora.
Então a filha, muda de nascença, ao ver o sucedido, falou pela primeira vez:
- Mãe, não queime esse pedacinho de madeira, porque é o braço que falta ao Senhor Bom Jesus.
E logo a notícia correu veloz. Não havia dúvida. O braço unia perfeitamente à imagem, tal e qual, como se dela nunca tivesse saído.
E deste milagre que levou muitos anos a acontecer, porque a vontade de Deus não é igual à dos homens, nasceu a festa do SENHOR DE MATOSINHOS.
 



segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Quentes e... Boas!


O tempo começou pouco a pouco a arrefecer e, como que a anunciar o inverno, apareceram as primeiras castanhas. O pregão – quentes e boas! – era um sugestivo convite para, com uns cêntimos ou um euro, se adquirir um cartuchinho feito com páginas de jornal, em que umas tantas castanhas assadas faziam as delícias de velhos e novos.
Na esquina da grande avenida na cidade, uma carrocinha de castanhas fumegava como se fosse uma chaminé.
Era um postal muito significativo e habitual de um Outono que caminhava bem depressa para o frio do inverno.
- Que engraçado, não vejo ninguém, Nuno - Dizia Lina, desejosa de comer castanhas assadas que lhe pedia sofregamente a sua gravidez já muito adiantada…
Nuno parou o carro mesmo junto às maravilhosas castanhas e saiu para as comprar. Alguém havia de aparecer mas, qual não foi o seu espanto quando viu um garotito com um grande gorro que fazia canudos com folhas de jornais, onde colocaria depois as castanhas para os eventuais clientes.
- Quem é o dono da carrocinha? - Perguntou Nuno.
- Sou eu! - Respondeu o palmo de gente com muito orgulho.
- Tu? Que idade é que tens?
- Nove, senhor. – Disse o rapazito muito empertigado. - A minha mãe está no hospital à espera de vez para ser operada mas o negócio não pode parar, claro!
- Evidente... – Sorriu Nuno. - E a escola? Tens faltado?
- Falei com a professora e ela entendeu o meu problema. – Afirmou ciente da sua responsabilidade.
- E o teu pai não podia agora ocupar o teu lugar?
- Não tenho pai – Disse quase num murmúrio.
Momento de intensa emoção para Nuno que ia ser pai dentro em breve.
- Diz-me como te chamas e em que hospital está a tua mãe.
O pequenito achou a pergunta descabida…
Dali só queriam as castanhas… Qual a razão de tanta pergunta? Mas achou que o senhor era simpático e interessado.
- Chamo-me Pedro e indicou o nome do hospital onde a mãe esperava por um milagre.
- Sabes Pedro, eu sou médico, e por coincidência ou não (talvez seja a mão de Deus) trabalho nesse hospital e vou por a tua mãe capaz de voltar para o seu trabalho, para tu continuares a estudar.
Pedro comoveu-se perante um futuro que, minutos antes, lhe parecia tão distante.
Pegou em dois pacotinhos de castanhas, deu um ao Nuno e debruçado na janela do carro, entregou outro a Lina que tinha os olhos marejados pensando no filho que trazia no ventre.
- Quando nasce? – Perguntou Pedro com carinho.
- Dentro de um mês. – Disse Lina limpando as lágrimas.
- Quanto é Pedro? - E já Nuno abria a carteira…
O garoto levantou a mãozita e o rosto suavizou-se num imenso sorriso.
- É oferta da casa! – E riram os três, naquelas gotas de felicidade que diariamente caiem nas nossas vidas mas que é preciso estar atento para as não perdermos.
O tempo passou e num domingo frio e cinzento, a carrocinha das castanhas continuava na esquina da grande avenida.
Por de trás dela, uma mulher e uma criança faziam pacotinhos com folhas de jornais para colocar as suas castanhas…

 De repente, um carro parou mesmo junto a estas figuras.
- Dois pacotes de castanhas. – Pediu uma voz de dentro do carro…
- Ah, senhor doutor que alegria em vê-lo e tanto que tenho para lhe agradecer.
-A mim? Acredite que não. Há um ser superior que toma conta das nossas vidas. A esse sim, é que deve agradecer.
O garoto aproximou-se e beijou a mão poisada na porta do carro e disse com as lágrimas a escorrer pelas faces frias pelo vento gélido que passava:
- Obrigado senhor doutor…
Nuno saiu e deu-lhe um abraço.
- Já sei que voltaste para a escola e estamos muito contentes. És um herói.
Pedro meteu a cabecita pela janela do carro e olhou Lina e o bebé que dormia docemente ao colo da mãe.
- Como se chama? – Perguntou.
- Pedro, só podia ser Pedro.

sábado, 6 de outubro de 2012

Desafio Complicado!...


O título deste post deve-se ao facto de me terem feito um desafio, ou melhor, dois, porque vêm dos amigos JP do blogue “Ao Sabor Da Pena“e da Tétis do Blogue “Um Farol Chamado Amizade”  Respondo aos dois ao mesmo tempo já que as perguntas são as mesmas.
Espero que não fiquem zangados…
Ora vamos lá responder com a sinceridade que me foi pedida:




Cumpre-me ainda informar que o desafio vem acompanhado do "miminho" que podem ver acima mas, para o merecermos, teremos de obedecer às seguintes regras:
 
- Avisar o blogueiro que o indicou quando postar o mesmo;
- Seja sincero nas respostas ou não responda;
- Terá que fazer 5 indicações do mesmo para que tenha continuidade;
- No final da ‘postagem’ dedicar um tema a quem o indicou;
- Se for contra estas regras recuse fazer o mesmo.


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Começa Zambeziana a responder ao desafio que recebeu de dos amigos JP (Ao Sabor da Pena) e Tétis (Um Farol chamado Amizade)


1° - Algo que você não fala para ninguém?



Os sonhos por realizar
Não falo deles, meu amigo
No momento ao desabrochar
Venho então, ter contigo!


2° - Se você pudesse ouvir apenas uma música no próximo mês, qual seria?


Todas as músicas do Rei – Elvis Presley, a começar pelo “Love Me Tender”


No sabor do tempo,dura
Tanta música que nem sei…
Mas aquela que mais pedura
São as canções do grande REI!






3° - Um sentimento que nunca sentiu? 


Gostaria de só ter AMOR
Para a todos oferecer…
Mas deram-me tanta dor
Que, às vezes, não posso esquecer!

Não sinto ódio podem crer
Mas a raiva anda por perto…
Um dia vou dela esquecer
E torná-la num AFECTO!
 

4° - A pessoa mais importante para você?



O meu FILHO que é meu mundo
E os meus AMIGOS também…
Amor de Mãe é profundo
De todos, o nosso maior bem!-



5° - Agora aonde você queria estar?

Na minha terra – QUELIMANE – ZAMBÉZIA - MOÇAMBIQUE



Um passado que acabou
Eu fechei numa só mão.
Pois tudo a vida me levou
Menos esta recordação!

  
6° - Já deram um tapa na sua bunda, gostou?


Palmadas como lição
Com a régua bem comprida
Não gostei nada, pois então
Mas aprendi a estar na vida!


7° - Quem levaria para uma ilha deserta?



O PC e muitos livros
Para não ficar muito a leste…
Para evitar os perigos
E o ambiente mais agreste!


8° - Quem você mandaria pro Iraque com uma camisa escrita "I love USA?



O Gasparzinho meus senhores
Punha as contas numa confusão
Esqueciam todos os horrores
E aprendiam mesmo a lição!!




9° - ? oxıɐq ɐɹd ɐçǝqɐɔ ǝp ɐpıʌ ɐns ɐ ɐxıǝp ǝnb


Todos aqueles arrogantes
Que julgam nunca errar…
Os “superiores” a toda a gente
Que nem sei classificar!

Os que mentem para subir
À custa da infelicidade
De muitos e muitos a sumir
Com tão vil “habilidade”.


10° - Se alguém lhe dissesse que você poderia realizar um sonho agora, qual seria?



Sonhos que não posso dizer
Estão ainda em maturação…
Mas queria ao meu PAÍS oferecer
Paz, alegria no coração!


11° - Algo que gostaria de fazer, mas que não tem ou teve oportunidade?



Estou quase a conseguir
A ter essa oportunidade
Que me deixará a rir
Por ser um sonho de verdade!


12° - Você não sai de casa sem o quê?


Vestida com simplicidade
Na boca grande sorriso
Cumprimento com Amizade
E já não passo sem isso!


13° - Já beijou ou beijaria alguém do mesmo sexo?


Da minha mãe primeiro beijo
Das amigas vieram também
Outros e com o desejo
Para a família, nosso melhor bem!


14° - O que estaria fazendo se não estivesse fazendo isto?



Estaria no meu jardim
A cuidar do meu canteiro
Mas a tudo eu digo “SIM”
E o jogo estava primeiro!


15° - O que está pensando agora?


Vou já, já embora
Vou saindo docemente…
Não mandem nada agora
Já tenho a mão dormente!!

 
Passo esse desafio ao Jorge do “Azimute”; ao Francisco do “Namorado Da Ria”; à Rosa do "Rosa Solidão”; ao Daniel do “Sair Das Palavras”; à Elisa do "Fardilha's".


Para a Tétis: "Elvis - Love Me Tender

Para o JP: "The Beatles - Love Me Do"