segunda-feira, 29 de abril de 2013

Esperança: É o Caminho


Do fundo do poço, ainda vejo estrelas a brilhar, mesmo atravessando túneis, pressinto a luz do outro lado. Mesmo no abismo, fico à escuta. E ouço passos. E onde há passos, há vida… “Penetrar no coração do mundo - escreve Lauro Dick - exige caminhar com ternura nos pés: a dor é muita e, quando menos se espera, abrimos a ferida que levava séculos de Medicina”. As estruturas do erro desmoronam, quando os engenheiros do Bem arregaçam as mangas e se unem num batalhão de entreajuda.
O joio vai definhando, quando os obreiros da Paz e da Justiça plantam searas nos campos do mundo, nos corações.
Há um despertar de vivências comunitárias, que deixa transparecer auroras. Encarar o futuro com esperança, ainda é o melhor caminho. Quantos anos tens? 15, 30, 60, 75, 80? Escuta bem: a tua vida vem de muito longe. Tem mais de dois mil anos. Tem a idade de Abraão. À sua frente, não há talvez qualquer certeza. Nenhuma garantia. Apenas uma escolha, uma intenção, uma promessa, um ideal. Uma esperança. Um aceno vigoroso. Só isso, nada mais. Deus chamou o patriarca e Abraão respondeu. O seu destino era incerto, mas partiu, deixando tudo: a sua casa, a sua terra, os seus amigos, o seu povo. Partiu deixando tudo para trás. Mesmo tudo? Não!   

Na sua Bagagem
Levava o essencial:
A Fé, a Esperança
Imensa coragem
E um grande ideal.


quinta-feira, 18 de abril de 2013

A Dor é Fértil



A dor coloca-nos em contacto com a vida. Aproxima-nos de milhões de irmãos, cuja vida é continuamente temperada de dor.
Estive junto de um doente e fiquei impressionado com as suas atitudes e desejo de viver.
A vida é envolvente e dinâmica e muitas vezes só a valorizamos quando somos postos fora de circulação.
Como faz bem uma visita aos doentes, como nos torna mais humildes e mais compreensivos. Quem sofre precisa de mais amor que a pessoa sadia.
A pessoa feliz avança com coragem. Desde que a circunde a alegria, não precisa de acompanhantes. A quem está triste é que devemos dirigir a nossa palavra, reverenciando a sua dor, não sendo indiferentes, mas solícitos. Porque não encostar o ombro à cruz que o nosso irmão carrega, se amanhã a nossa pode ser tão pesada como a dele hoje?
Cantemos para os tristes um canto de alegria. Enchamos de esperança os seus ouvidos, embora saibamos que a realidade é sempre um dado estritamente pessoal e intransferível. Façamos cair por sobre o coração entristecido as sementes da alegria. Poderão proporcionar pelo menos instantes de optimismo, de esperança e bem-estar.


A vida verdadeira não está nos que soltam gargalhadas. Está nos que sofrem. Prova disso é que a felicidade é fugaz e a tristeza quase constante. Prova disso é que aprendemos, crescemos e nos aperfeiçoamos quando sofremos e lutamos; e nunca isso dá nos festins.
Aliás, a luta é o símbolo da vida. «Viver é lutar». Sem a luta não amassamos o pão de cada dia. A vitória e a superação pertencem aos que lutam.
Não falamos de grandes conquistas, mas de pequenas vitórias diárias, que não recebem o aplauso do público mas apenas da nossa consciência, que nos permitem andar de cabeça erguida, porque ficamos mais humanos.
Não importa que sejam coisas pequenas. Vencer é sempre grande coisa.
«Lindo», diz Dom Quixote, «é não ter de agradecer, humilhado, o pão de cada dia».
Bom é conquistá-lo com esforço e dignidade.