segunda-feira, 4 de maio de 2015

Rosas


Gosto de rosas! Rosas simples, dobradas ou singelas. De todas as cores já se vê. Existem inúmeras espécies de rosas, com tonalidades e estruturas diferentes. Dependem do terreno onde estão e da mão do homem que, num trabalho delicado e minucioso pode obter milhares e milhares de variedades. Mas as rosas que mais gosto são as do meu jardim! Salpicaram de todas as cores o verde da sebe e brotaram pujantes numa quantidade nunca vista por mim, no mês de Maio e agora em Junho. 


Gosto de todas elas mas tenho particular carinho por uma, quase negra, cujas pétalas são espessas como o veludo. Era também a preferida de alguém que já partiu. Quando à tardinha me sento no banco do meu jardim não calculam os diálogos que mantenho com ela. Cativou-me tal como a rosa ao Principezinho de Saint-Exupéry. E é também exigente como a rosa do livro.
- Quero que me protejas do Sol! Não deites água a mais nem a menos... Olha como a relva já cresceu ao meu redor... - Que saudades de outros tempos! - Sabia o que ela queria dizer mas não lhe dei ouvidos.
- Quero crescer como a rosa branca e ver o Mundo para lá da sebe. - A Rosa Amarela mesmo vizinha da presunçosa disse-lhe:
- O que queres tu ver? – Não te chega a paz deste jardim, a sinfonia dos passarinhos que poisam na relva e os gemidos do chorão em noites de prata!?
- Só gostava de conhecer mais um pouco de tudo. Há algum mal nisso?
- Claro que não! Interrompi antes que a conversa se azedasse. Compus o canteiro, tirei-lhe as ervas que ela não gostava e deitei-lhe água com carinho. Numa das suas pétalas maravilhosas ficou apenas uma gotinha, límpida como uma lágrima de cristal, onde os raios de se Sol se multiplicavam como um pequeno arco-íris.


- Obrigada. E depois numa voz sumida, perguntou:
- Estás triste?
- Não, que ideia; apenas saudosa...
- Compreendo - atalhou depressa. Também eu sinto saudades, tu acreditas que as flores têm sentimentos?
- Claro, porque não?
- Sabes porque fiquei aqui, mesmo defronte do banco onde te sentas todas as tardes?
- Não. Talvez porque era o sítio mais abrigado e tu eras a mais preciosa...
- Também. Mas deixaram-me um recado para to dar todas as vezes que te visse triste e daqui posso olhar sempre o teu rosto e sentir a tua alma.
- E então?
- Ele disse-me – Quando a vires triste e com os olhos orvalhados, alegra-lhe o espírito com a tua cor e a tua beleza e diz-lhe ao compasso do vento – Sê feliz, Sê feliz, Sê feliz...