sábado, 11 de julho de 2015

Melancolia


Hoje a melancolia chegou de um modo inesperado, mas lindo! O sol parecendo um imenso olho laranja com uma auréola vermelha, mergulhava feliz no mar calmo da tarde.
Faltavam as doces palmeiras e eu estaria fisicamente na minha terra. As temperaturas altas do dia deliciaram-me. Cruzei os mares, mergulhei no Índico e recebi sorrisos não poluídos.


De vez em quando acontecem emoções na minha vida… Alguém tem pena de mim e envia-me estas ondas de melancolia um pouco em desalinho. O sol queimava e ficava na minha pele.
Ao fechar os olhos, o mar sussurrava cânticos que eu conheço de longe. Seria verdade? Onde estaria?
Na minha procura nunca saciada e nos encontros por celebrar, colhia absurdamente respostas para tantos enigmas. Neste tempo sem horas, no montão de uma quinquilharia desordenada, encontrava o essencial.
Bater as asas e voar para outra latitude não é difícil. Pode ser um delírio. Mas há um caminho que me conduz sempre aonde eu quero. E recomeço mais uma vez…
Estrada de areia batida por pés descalços, doridos, mas felizes... Espero que me reconheçam. Passou tanto tempo… Talvez nos meus gestos encontrem afectos de outras horas. O coração nunca envelhece e o meu, morre jovem. Saberão encontrar-me no meu sorriso, embora o meu passo seja mais lento. Eles, parecem-me os mesmos, humildes na sua pobreza, mas livres.


Não, não quero acordar!
Sei que a noite caiu a meu lado, mas os meus olhos estão forrados de manhãs azuis. Os sonhos são rápidos e trazem-me uma alegria enorme que me invade e transforma a minha realidade. Desesperadamente fecho ainda mais os olhos, procurando segurar-me na inquietação do imediato.
Não posso ficar aqui indefinidamente! Abro os olhos devagar, muito, mas muito devagar e olho… as estrelas. Tinha-me esquecido delas. Brilham como contas.
A maré devolveu-me ao ponto de partida. Escuto os sinais. Pode não ser tudo, mas é alguma coisa. Se o exterior me fere, então, recolho-me na minha concha que o mar acaba de devolver à praia... E nela sim, no seu (meu) interior, está o paraíso que eu procuro.
Prolongo o círculo, alargo os braços e o meu desejo confunde-se com o vagar das ondas…
Apetece-me cantar, dançar à volta da vida vivida… Quantos terão, assim como eu, tesouros? Afinal, vou levar a melancolia comigo e, quando quiser, basta fechar os olhos e percorrer a viagem misteriosa da vida.
Regresso ressuscitada, disposta a cruzar-me com todos e ensinar-lhes a possibilidade de serem felizes.
Os meus olhos estão cansados, mas o meu coração, apesar de bordado com tantas cicatrizes, canta uma canção feliz e olha o futuro na plenitude deste momento.