quarta-feira, 29 de junho de 2011

Agradecimento

Quero agradecer a todos os CONCORRENTES que aderiram ao desafio de enviarem os seus trabalhos para o Concurso Literário organizado pelo Zambeziana, agradecer a sua simpatia, amizade e, sobretudo, a qualidade dos mesmos. E foram muitos: dezenas!
Ainda que por caminhos diferentes todos procuraram o mesmo: o Sorriso!
Talvez a organização do mesmo não tenha sido a mais conseguida, ”qualquer bom Homero tem o seu sono”. Uma frase clássica que se usa para dizer que mesmo o maior dos homens comete erros. No entanto, a mera procura da perfeição em algo que se tenta fazer é, sem dúvida, uma virtude. Mas ela não encontrou espaço nesta ocasião… O perfeccionismo, por regra, é um erro. Não é uma tragédia cometer erros, o importante é saber como os superar e nos recompormos… E aprender.
Agradeço ao júri a paciência, a competência e a dedicação no trabalho desempenhado.
Agradeço aos amigos que passaram para comentar e homenagear os concorrentes.
Garanto a todos que tudo foi feito com esforço e com a maior das lisuras. Atrevo-me a ser o que verdadeiramente sou: imperfeita!
O júri destacou com muito apreço alguns outros trabalhos. Pensei em publicá-los hoje, por ser dia de São Pedro, fechando com as suas chaves de oiro este Concurso que, ao fim e ao cabo, me deu imensa alegria. No entanto, reconsiderando, decidi ir publicando-os aos poucos, aleatoriamente, dando, a cada um, um pouco da ribalta que fez por merecer. Iremos, assim, sorrindo aos poucos…
Aos premiados e mencionados os meus parabéns. A vossa recompensa segue dentro de momentos.
Poderei então, agora, adormecer com a palavra “OBRIGADA” nos lábios e, sem presunções, ou água benta, dizer: VALEU A PENA!

Graça

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Venham daí poetas... Trovadores... Escritores...Resultados!

Resultado do Concurso Organizado pelo Zambeziana

Em primeiro lugar tenho de agradecer a participação de Poetas e Escritores que aderiram a esta iniciativa e que excedeu as minhas maiores expectativas, quer pela quantidade quer pela qualidade dos trabalhos apresentados. Afinal, em todos os quadrantes do mundo, há pessoas que gostam de escrever e que o fazem com muito valor! Um abraço para cada um deles.

Como se afigura óbvio, demarquei-me da escolha e da avaliação dos trabalhos e, por isso, convidei um Júri com provas dadas nas Letras. Claro que eu tinha, e tenho, as minhas preferências mas, o meu trabalho, foi unicamente servir cafés numa noite de trabalho na qual o Júri suou as estopinhas.
E os trabalhos chegaram de vários pontos: de Portugal, Áustria, Espanha e Brasil! Este leque tão diverso encheu-me de imensa alegria.
Para além dos premiados, existiram outros trabalhos que, de algum modo, se destacaram. O Zambeziana irá posteriormente publicá-los para merecidamente evidenciar a sua qualidade. A todos, os meus parabéns!
Agradecemos aos seis premiados (Vencedores e Menções Honrosas) o favor de enviarem para o e-mail do Concurso (caso ainda não o tenham feito) as suas moradas para receberem o prémio ganho!
Uma vez mais, o meu abraço amigo e grato por corresponderem a este desafio!
A todos, um bom São João!


Categoria A - Quadras

Vencedor: José Carlos Brandão

Casa Caída

Um sorriso é meia vida
por pior que seja a sorte
com a dor, angústia, a morte,
enfim, a casa caída.

Um sorriso é meia vida
quando o amor se vai embora,
quando a madrugada chora
a triste casa caída.

Um sorriso é meia vida
por pior que seja o pranto
e se acaba até o canto
diante da casa caída.

Um sorriso é meia vida,
talvez seja a vida inteira
mesmo quando a gente queira
chorar a casa caída.


Menção Honrosa: Elaine Barnes (blog http://nasasasdacoruja.blogspot.com/)

Por mais que eu me sinta injustiçada e agredida.
Por mais que eu tenha que me desgastar...
Por mais que eu tenha que matar um leão por dia...
Todo esse endurecimento desaparece no sorriso do mar.

Um sorriso é meia vida,
Que se abre sobre as tristezas,
Banha meu corpo com alegria...
Escancarado de ondinas levezas.

Tem nele a paz que se encontra com a minha.
Tem ele a grandeza de minh`alma.
Tem a vida guardada nas profundezas,
No silêncio profundo da calma.

Essa imensidão de beleza,
Pra quem conto meus segredos...
Leva pra sua natureza,
Meus anseios e medos.

Seu sorriso vem nas ondas,
Na espuma sobre meus pés...
Conforta minhas dores,
Que se vão com as marés.

Sorriso de sal,
Que me faz tão bem;
Nas noites de lual...
Não abandona ninguém.


Categoria B - Poesia

Vencedor: Paulo (blog http://paulo-intemporal.blogspot.com/)

da ressalva de um beijo em bandeja de prata
do jasmim és errata de uma arquitectura pungente
do marfim és a salva de um véu redentor
como abóbada de um templo há tanto pingente
de agora em diante sigo o teu indício de odor
do alecrim és incenso na partilha do fulgor

por amor conduzes ao peito um pórtico emergente
da boca és o céu a ser o tecto presente
inefáveis os passos por onde passas indiferente
adenda mítica nas veredas de um universo maior
de agora em diante o teu sorriso é o bastante
para que adiante te escolte um cavaleiro andante
na voragem do estio onde és pavio superior


Menção Honrosa: Eneas Santana

Mi Desvelo...

…Desperté con tu
aroma en los labios
y el fluir rameado
de aquella loma,
siendo ave de los dos.
Lleva la mañana
azahar del viento,
lascas con flores
y entre tu y ellas
coral de recuerdo.
¿ Te acuerdas ? ¡ dime !
como te conoci ¡ si !
como el jardín fué
un inmenso mar,
al cruzarte y verte.
Allí en cada olor
rosa roja lisa ya vi,
rosal rojo arroyo yo.
Y fui que al olerla
y notar su tacto
el leve envés sentí
entero luna en ti.
Abril de mis ocasos
sacos del tiempo,
caracola en ocasiones.
Que sin querer y por quererte
el quiso alejarme,
dueño este sueño.
Desgarrón de nieve
calendario de ti
y sueño vivía,
amor… mi amor de ti…



Categoria C - Prosa

Vencedor: Laura Abrantes

“Um sorriso é meia vida” escrevera no cimo da página.

A caneta rodopiava-lhe por entre os dedos, desenhando sombras sob o jacto de luz que incidia sobre o papel, quase em branco. A penumbra escurecia-lhe as feições.
A palavra ‘sorriso’ não lhe conseguiu arrancar nenhum, nem forçado que fosse. Já a expressão ‘meia vida’ arranhara-lhe o pensamento. Que vida era a sua? Teria ela, que chegara à meia vida, sorrido um quarto do que sempre desejara? E a vida que era senão mais que uma arquejante e séria respiração?

A caneta, agora mais agitada, ora era apertada convulsivamente ora afagada.
A caneta… A verdade estava na caneta, que não sorria. A ‘meia vida’ estava nela também. Os desafios que se lhe depararam tinham sido cumpridos. Bastava encher o tambor da caneta, que ela, parecendo sorrir, lá ia cumprindo a vida, por inteiro. Sílaba atrás de sílaba, palavra atrás de palavra, frase… texto…, que diziam de si toda. De si toda que, agora, apenas o silêncio conseguia transmitir.
A plasticidade do pensamento estava a confundi-la. Quem era quem? A confusão de ser abalava-a e sentia-se estar a ficar como que despersonalizada… Ou seria que ela era a configuração da sua caneta e esta apenas um meio através do qual toda ela se revelava?

“Um sorriso é meia vida” tinha lido por aí, já nem sabia onde… e era sobre isso que queria escrever…

Poisou a caneta. A folha em branco olhou-a inquisitoriamente branca.
Com passos curtos foi até ao quarto. Fechou a porta atrás de si e avançou até ao enorme espelho . Olhou-se nos olhos e deixou que estes deslizassem, por si toda. Tornou a olhar-se nos olhos e viu a ‘meia vida’ ali do outro lado do espelho…
Pegou no lápis de contorno dos olhos e escreveu numa caligrafia de menina “ Um sorriso é meia vida”.

Suspirou e ouviu-se a si mesma dizer “Ainda posso sorrir a outra meia!”


Menção Honrosa: Alex M

Por Mim Adentro

Sempre me senti diferente... Sempre acreditei! Assim sendo…
Senti que este Mundo… Que tanto, tanto, TANTO!!!!
Desejei ardentemente que fosse... Não era Meu!
Poderia ser…Poderá ser… Mas…
Acho que me fui enganando no chão que pisava...
Tentando ser o que não podia… Oferecendo as vontades…!
E no entanto… Faltou sempre qualquer coisa! Talvez de mim…
Não sei…!
O Meu Mundo… Não era o mesmo!
Eu era um estranho no meio de algo... Porque a minha visão das coisas, é… E sempre foi… Diferente!
Por cada palavra que dizia… Ouvia!
Por vezes exageradamente!
Como se essa voz guiasse um rio na sua marcha incessante!
Que corre sem que nada o faça parar… Atravessando o que quer que seja! E me levasse consigo na sua ondulação furtiva…
Como se eu nada fosse!
E calei-me... Cansei-me…
Senti-me um ser erróneo e incompreendido... Uma alma que flutuava...
Não sendo… Nem tendo necessariamente que o ser!
Isolado! Fechado! Numa mão que se mantém sempre aberta...
Esticada! E assim continua… Mas em segredo.
As portas que se me fecham... Só eu as abro sozinho... Mas faltam-me as forças! E no entanto…
A culpa… Também não deixa de me pertencer… Nem morre abandonada por mim! Sem dúvida!
E no meio de tanta história... Isto… É o que vai continuar a ser o filme da minha vida.!
Um Amor... Perdido no meio de nenhures… Mas que pode ser apenas… Depender apenas…
De um sorriso que é meia vida!
Meu…?
Quem sabe…?


domingo, 12 de junho de 2011

Venham daí poetas... Trovadores... Escritores...


Concurso para quem gosta de escrever, organizado pelo zambeziana:


1- Quem pode concorrer? Todos os seguidores do Zambeziana!


2- Categorias:
a) Quadras
b) Poemas e sonetos
c) Prosa


3- Mote obrigatório: "Um Sorriso é Meia Vida!"


4- Enviar para o e-mail: mgmachado@netcabo.pt até ao dia 22 de Junho.


5- Haverá três prémios, um para cada categoria e três menções honrosas.


6- Os prémios serão remetidos por correio para a morada dos vencedores
.

7- Dia 24 de Junho – dia de S. João – serão publicados os trabalhos premiados


8- Foi convidado um júri para seleccionar os trabalhos constituído por:


9- Constituição do mesmo: Dr. João Pinto Pereira, Dr. Nuno Machado e Dra. Ana Patrícia Silva

10- O Zambeziana agradece a todos blogs amigos que façam a publicidade deste concurso.

Bom Santo António para todos.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Quando os Amigos Falam de Nós...

Querida Eva, às vezes a ficção tem mais de verdade do que a própria realidade. Obrigada por esta história que talvez me ajude a encontrar as cores perdidas num outro tempo e num outro espaço.

Esta história, meus queridos leitores, tem de ser lida em voz alta. Sim, em voz alta. Imprescindivelmente. Como aquelas histórias que se contavam em outros tempos, em noites de Inverno à lareira e em noites de Verão, sob as estrelas. Como os contos de sapiência tribal que se transmitiram de geração em geração.









Out of Africa (banda sonora)-John Barry-"Have you got a story for me?"

No fundo da caixa de costura, Maria teimava em remexer os diversos carrinhos de linhas à procura das cores pretendidas... tinha várias cores espalhadas em cima da mesa, mas faltavam como sempre, as mesmas cores, as suas cores.... As cores, que tinha perdido... Fazia anos que Maria acalentava em segredo, o sonho de fazer uma manta de retalhos bordada com as cores que sabia ter no peito. Mas como bordá-la se as cores permaneciam no peito e não na caixa de costura? Todas as vezes que viajava por terras distantes, procurava em todas as retrosarias, mas nunca mais encontrou as suas cores perdidas. Por vezes, parecia-lhe ver as suas cores, em certas folhas de outono, numa tarde de verão, num pôr do sol tardio, mas não... eram parecidas, mas não as cores que perdera no tempo. E quando falava que tinha perdido cores, apresentavam-lhe um arco-íris de carrinhos de linhas, mas as suas cores, não se encontravam lá e apenas aqueles que também as tinham perdido, sabiam de que cores falava. Em toda a sua vida de costureira, havia enfiado e cortado diversas linhas, mas nunca cortara aquelas que a vida suturara vincadamente no seu peito.
Decidida a não deixar morrer o seu sonho, não havia outra alternativa senão rasgar o próprio peito. Do seu coração, saíam pontas de nós das linhas com que cosera ela própria, as feridas da saudade. E foi então que teve a ideia de puxar por essas pontas. E atrás de cada fio, viria a meada de cada cor perdida, pensou, e assim fez. Mas as linhas com que se cosem as emoções ao coração, estão presas por nós que nem os marinheiros desvendaram ainda. E com um bisturi guardado, lancetou o peito, descosendo ponto por ponto o que havia suturado. E do peito, jorravam não só as lágrimas contidas, mas as cores africanas, os cheiros, as paisagens, as pessoas... e Maria começou a sua manta de enredos, cenários, personagens... Ali, naquela caixa de costura orgânica, encontrou facilmente o que procurava e tecendo os retalhos com os fios da memória, devagar, devagarinho, eles foram aparecendo coloridos com tais cores que lembravam capulanas, não havendo necessidade de os bordar. E Maria surpreendia-se com a beleza dos seus retalhos. E as cores! Todos lhes gabavam as cores e perguntavam onde podiam adquiri-las mas Maria não sabia responder... sabia apenas que se as quisessem encontrar teriam que viajar até Africa. E aos poucos, as retalhos da sua manta Zambeziana, foram tomando forma e as linhas quentes e fortes que desenrolava do peito, uniam os retalhos entre si. E sempre que se partia uma agulha, sim, porque na vida, as agulhas partem-se com facilidade, havia sempre quem lhe oferecesse uma agulha de prata e mesmo um dedal a condizer, para a tarefa ser facilitada. E vinham de loge para ver e admirar a costureira e sua manta de retalhos e quem nela, revisse também as suas próprias cores perdidas.
Quando finalmente, acabou a sua obra de arte, ofereceu-a ao seu menino de ouro, que aos olhos de Maria, tinha as mesmas cores da sua manta de retalhos, como um legado de esperança e perseverança na busca de sonhos e cores perdidas... Colocaram-na na cama, deitaram-se e adormeceram os dois, ao som das suas histórias.

> Texto de Eva Gonçalves (blog Including the Kitchen Sink)