A Lenda do Pirilampo
Dizem os sábios que a luminosidade do pirilampo está ligada a duas substâncias: a luciferina e a luciferasa. Estas duas substâncias, cada uma por si, não são luminosas, mas reagindo uma contra a outra produzem luz (a luciferasa provocando a oxidação da luciferina).
Antes da formação do oxigénio, há mais de três milhares de anos – continuam a dizer os sábios – o pirilampo era apenas um insecto negro, sem nenhum brilho. Mas quando o elemento gasoso apareceu, tornou-se uma “estrela” a saltitar na terra.
A lenda do Pirilampo é menos científica, mas mais poética.
Na noite de Natal, encontrava-se no presépio de Belém um pobre bichinho que, ao ver Nossa Senhora e São José em tamanha pobreza e desconforto, se comoveu. Não podendo fazer mais nada por eles, veio cá fora buscar um raio de luar que levou às costas, indo, pequenino e humilde, colocar-se aos pés da Virgem Maria. E quando o Menino Jesus nasceu, o pobre bichinho todo se regozijou por poder iluminar Aquele que acendeu as estrelas no céu e que, ao vir ao mundo, nem sequer teve a candeia dos pobres a clarear as trevas daquela noite cerrada.

O Menino vendo ali aquela luzinha a brilhar, sorriu para o bichinho e perguntou-lhe o que queria como recompensa da sua bondade e do seu amor.
-Queres que te dê as cores brilhantes do escaravelho?
E o pobre bichinho negro de nascença, respondeu-lhe:
-Não, meu Senhor!
-Queres que te dê, como às abelhas o poder de fabricar o mel dourado e doce?
E o pobre bichinho também não ambicionou os beijos das flores, nem aceitou habitar o palácio duma colmeia.
-Mas então, o que é que tu desejas, pede-me o que quiseres.
E o pobre bichinho disse o seu desejo, o seu sonho, o seu grande ideal:
-Senhor, só uma coisa desejo e te peço: deixa-me conservar sobre mim este raio de luz para que eu possa iluminar os viajantes nas trevas da noite e alegrar os que caminham sozinhos…
O Menino olhando-o com ternura disse-lhe:
-Pois seja como desejas!
E desde esse momento, o negro bichinho, até aí sem beleza nem brilho, passou a chamar-se PIRILAMPO e ficou sendo como uma estrela a saltitar pelos caminhos escuros e tristes da terra.
E a noite é menos escura quando luzem nas trevas aqueles pontinhos brilhantes, a solidão é menos triste quando os homens pousam os olhos cansados nestas estrelinhas dos caminhos.