Tiago gostava muito do seu avô e entendia, apesar da sua pouca idade, que ele já não tinha a mesma força de quando o levava até ao jardim e lhe empurrava o baloiço. Nessa altura Tiago gritava:
- Mais alto, avô, até ao céu… - E o avô fazia-lhe a vontade.
E quando jogavam à bola e o avô fazia de guarda-redes? Era um craque… Corria a baliza toda e não havia bola que entrasse.
O avô envelhecera rapidamente, pelo menos era o que parecia a Tiago e tinha pena quando via a sua mão tremer e ele deixar cair um pouco de sopa na toalha. A mãe e o pai ralhavam com ele:
- Veja o que está a fazer… É sempre a mesma coisa!
O avô calava-se e quase enfiava a cara dentro do prato da sopa. Tiago bem via como algumas lágrimas lhe caíam pela face. Às vezes fazia de propósito e também Tiago deixava cair sopa na mesa. Olhando para o avô, dizia-lhe:
- Vês avô, acontece a todos. - O avô entendia e passava-lhe a mão pela cabecita.
Mas mesmo assim as reprimendas dos pais não terminavam e quando as mãos trémulas do avó deixavam cair alguma coisa, lá vinham as censuras e as ameaças:
- Outra vez? Isto não pode continuar assim…Vai passar a comer na cozinha e numa malga.
O avô não foi capaz de melhorar a situação e a ameaça cumpriu-se!
Passou a comer sozinho na cozinha e numa malga de barro comprada para o efeito.
Tiago sentiu uma revolta imensa e teve vontade de seguir atrás do avô e ficar com ele a partilhar a refeição mas teve receio da atitude dos pais. Do lado onde se sentava para comer, via o avô sempre reclinado sobre a malga na tentativa de não sujar nem a mesa, nem o chão.
Tiago gritava-lhe:
- Avô, vejo-te daqui. – E atirava-lhe um beijo.
Um dia ouviram ruídos de cacos vindos da cozinha e a mãe foi ver o que passava. As mãos trémulas do avô tinham deixado cair a tigela de barro que se fez em mil pedaços, espalhando a comida toda pelo chão.
-Só faltava mais esta. Lá se foi a tigela e a comida aqui espalhada, numa chafurdice. Não há outro remédio vou comprar-lhe uma tigela de madeira, ao menos quando a deixar cair não se parte…
Quando lhe foi posta a primeira refeição na tigela de madeira, esta veio acompanhada com uma recomendação:
-Veja lá como se porta , já é tempo de se corrigir…
Tiago sentia-se ferver por dentro e um dia pegou num tronco de madeira com cerca de vinte centímetros e foi sentar-se ao lado do avô com uma pequena navalha e ia escavando o tronco com uma força que lhe dava a indignação.
O pai ao passar por ali casualmente, perguntou-lhe:
- Filho, que estás a fazer?
- Estou a fazer uma tigela de madeira para vos dar quando tiverdes a idade do avô.
Muito bem respondido. Este conto lembrou-me um que li em criança, a velha árvore em que é uma menina que se revolta com a forma como os pais estão a tratar o avô e consegue fazê-los mudar de atitude.
ResponderEliminarNem é preciso comentário algum.
ResponderEliminarQuem viver até a idade de um avô/ó saberá o que fez aos seus.
Beijinhos Graça
Graça Amiga,
ResponderEliminarEste conto, que é uma verdadeira lição de vida, faz-me lembrar outro dum filho que, devido ao pai já ser muito velho, o levou para um pinhal deixando-o lá com uma manta para áí passar o resto dos seus dias. O pai entretanto interpelou-o dizendo-lhe que era melhor levar a manta pois poderia precisar dela quando, por sua vez, o filho o fosse também deixar no pinhal.
Um beijo
Bela lição de vida.
ResponderEliminarHoje ainda conhecemos muitas histórias parecidas, iguais no tratamento dado aos mais idosos....nunca nos lembramos que um dia seremos nós.
Beijinhos
Comoveste-me!
ResponderEliminarVieram-me as lágrimas aos olhos.
A ingratidão dos filhos para com os pais aumenta dia a dia.
Um final para reflectir!
Beijinhos.
Un relato muy bueno, me ha traído bellos recuerdos de mi abuela.
ResponderEliminarUn beso y que tengas una magnífica semana
Primorosamente escrito este drama que se vai repetindo cada vez mais !
ResponderEliminarComentários, para quê ?
Um beijo, Graça.
Olá, como tem passado?
ResponderEliminarVim pôr-me ao corrente das novidades
e deixo-lhe um beijinho|
Olá, Graça!
ResponderEliminarÉ um relato triste, duma realidade que igualmente o é cada vez mais, ditado pela sensibilidade de quem o escreve.E é também o lado menos bom dos mais anos de vida de que hoje se desfruta, graças aos avanços da ciência e da tecnologia: Especialmente para todos aqueles que se podem rever no conteúdo deste teu texto, e que para além da falta de sensibilidade daqueles que têm à sua volta, também muitas vezes não dispõem do dinheiro para adquirir os medicamentos que poderiam atenuar as consequências deste mal...
Acho que fizeste muito bem em trazer aqui o tema - cada vez mais pertinente; parabéns!
Beijinhos
Vitor
Um texto triste mas real, infelizmente. E nada como a sabedoria das crianças que muitas vezes ignoramos.
ResponderEliminarBeijinhos
Cada vez mais real esta história que faz lembrar outras, que vinham nos livros da nossa Escola Primária. Foi, de facto, a nossa Escola Primária, porque nos deu ensinamentos, valores e noções de deveres... antes das dos direitos. Talvez por isso, Graça, nos mantenhamos firmes e de pé nas nossas crenças e princípios!
ResponderEliminarBeijinho
Laura
Minha Amiga.
ResponderEliminarLi com tristeza o texto que postastes parece que
vi a cena ao vivo e a cores.
Hoje em dia muitos jovens não dão o menor valor nos seus pais
e avos esquecendo que aquele que não morre novo é Inevitável ficar velho .
Linda noite beijos,Evanir.
Já conhecia, Graça, mas, infelizmente devemos ler esta história todos os dias. Eu ainda tenho os meus idosos cá neste mundo e tento fazer com eles aquilo que gostaria fzessem comigo, porque tenho a certeza que se não der o exemplo os meus mais novos não aprenderão a tratar com respeito os mais idosos. Esse menino aprendeu bem a lição e começou cedo a preparar a mesma tigela para um dia dar a refeição aos pais. Parece-me que estes ainda acordaram a tempo, com a lição dada pelo filho mas há muitos que só acordam quando se vêm na mesma situação e aí é só lamentar... Muito pertinente este post Graça! Obrigada, amiga e boa noite.
ResponderEliminarEmília
Aplausos daqui...Lindo e que lição!!! beijos daqui da praia que energiza e tanto adoro! chica
ResponderEliminarA vida sempre nos ensinando alguma coisa...beijos amiga e um bom dia pra ti.
ResponderEliminarUma história que, infelizmente, é hoje mais frequente! Emocionou-me!
ResponderEliminarO teu jeito de contar as coisas...
Beijo
Teresa (Quelimane)
Olá Graça
ResponderEliminarInfelizmente isso acontece em várias famílias, que não respeitem nem têm consideração com seus velhos. Tiago lhes deu uma bela lição.
Bjux
Graça
ResponderEliminarEstou longe de Portugal e dificil de a encontrar, pois não tenho pc.
Mas hoje notei a sua falta. Me esqueceu?Eu não esqueci, mas a vida nos afasta e eu entendo.
Que se passa com esse concurso de blogs de 2012? Pode dizer-me? Tenho estado muito afastada, mas gostava de saber. Se não for possível, não importa! Um abraço, Mª. Luísa
O texto muito belo e comovente me levou à minha infancia. Amei!
ResponderEliminarMaria Luísa
o maltratante, está muitas vezes dentro da própria família
ResponderEliminaro Tiago, sabe o que é o amor
e, espero que todas as tigelas daquela casas se possam voltar a partir!
um beijo, Graça
Graça
ResponderEliminarObrigada por responder!
Não me viu com a minha poesia no "blogs de 2012" pois não acredito em concursos. Só com uma seriedade muito grande e sensibilidade maior se faz justiça a quem merece.
E os meus poemas que parecem simples, não o são!
E às pessoas não lhes agrada esta forma de escrever. E eu ficaria triste e não me quero apegar a nada, muito menos ao mundo virtual.
Mas penso que a Graça o fez e muito bem e eu lhe dou, ao seu canto de histórias brilhantes, o Primeiro Lugar!
Fernando Pessoa, concorreu com seus poemas´"Únicos" e perdeu...
e foi o Maior Poeta do Século XX.
Ironia, não?
Mas é o usual...
Graça eu vim para o Brasil procurando o sol por necessidade, a nível de um problema de saúde.
Tenho de voltar breve, pois tenho exames a fazer. Lutamos pela vida e acabamos por morrer...
Com toda a minha ternura para você,
Maria Luísa
Excelente texto....
ResponderEliminarCumprimentos
Querida Graça:
ResponderEliminarEu já tinha lido algo parecido mas não há dúvida de que se tira deste texto,uma bela lição de moral.O pior é que casos como este são,cada vez mais frequentes.O egoísmo é feroz.Devíamos pensar mais nos outros,principalmente nas crianças e nos idosos.Parabéns por ter publicado o texto,pois pode ser que acorde algumas consciências.
Um abraço da
Beatriz
São por fatos assim que tenho muita pena dos velhos; se doam e recebem mais tarde, a falta de carinho, a impaciência e a incompreensão.É doloroso. História muito triste. Conheço isso, vemos muitos casos semelhantes pela televisão. O pouco caso!
ResponderEliminarBeijos, Graça!
Que ternura!
ResponderEliminarbeijinho
tenho votado em ti.
A imagem inquebrantável do avô: muito do que hoje sei, devo-o ao meu avô Joaquim. Quantas saudades!!!
ResponderEliminarUma vez mais um bom trabalho...
Sempre me tens aí. Acabo de vir de lá!...
Sabes o que penso, mas estou a apoiar-te. Convidaram-me, mas sabes que não entro nesses jogos.
O livro já está feito e foi apresentado em Dezembro. Como não tenho o teu email não te o pude mandar em PDF.
Também gosto muito de Aveiro. Fiz a tropa em São Jacinto. Enfim, por muitas razões.
Um abraço bem grande e sorte
Olá Duarte
ResponderEliminarEstou de acordo contigo. Estes concursos não avaliam o nosso trabalho.
Sou seguidora de muitos blogues com uma dimensão enorme: bem estruturados, grandes no que escrevem e partilham e que não estão nesta corrida. Fui "espreitar" os que rebentam com votos e, tirando um ou outro,não gostei de nenhum e muito menos da apresentação dos temas.
Mas estes concursos são o que são e nada mais. Pelo menos o nome zambeziana por ser estranho, tenha ficado no ar.
Fico contente pelo teu livro e aqui vai o meu email: mgmachado@netcabo.pt
Seria uma pena se não o tivesses feito...Penso que, neste momento, tudo o que possamos fazer pelo nosso País, deve ser divulgado e com o valor que o teu trabalho tem, muito mais.
Fico ansiosa para o ler, ver, rever e tudo mais com que me tens deliciado.
Um grande abraço amigo.
Graça
Graça, já está a caminho. Desejo que seja do teu agrado, aqui foi um êxito total, nunca supus que fosse assim, já está esgotado. Os dois! O outro é surpresa...
ResponderEliminarUm abraço muito grande e as melhores recompensas ao teu, sempre, excelente trabalho.
ResponderEliminarQuién no quiere sentirse feliz siempre, y aunque la felicidad parezca a veces inalcanzable debemos luchar por conseguir esos momentos que poblarán nuestros recuerdos y nos ayudarán en momentos de absoluta opacidad.
Esta semana he estado de viaje y me he demorado sin apenas darme cuenta. Pero hoy tengo el gusto de pasar a saludarte y desearte un magnífico fin de semana!!
Sin olvidar que la mejor canción es la sonrisa de tus ojos,
melodía poéticas que mecen mis sueños.
Atte.
María Del Carmen
Oi Graça vim agradecer a mensagem que mandaste durante a minha ausência. hoje estou lendo esta lição de vida é triste amiga, mais acontece , muitos filhos pensam que não vão envelhecer e podem passar com certeza por tudo que fizeram os seus pais passarem quando os mesmos precisavam de cuidados e amor. um abraço carinhoso Celina
ResponderEliminarUm beijo pra vc Graça
ResponderEliminarOlá Graça, mais uma história de vida que muito boa gente devia de ler. Essa lição de vida faz-me lembrar uma outra que o meu avô contava. Tal como mandava a tradição o filho do velho índio, foi deixá-lo no monte para morrer em paz. Antes de se vir embora deu um cobertor ao pai, para ele não ter frio. Ao virar as costas para vir embora o pai chamou-o e disse-lhe:
ResponderEliminar_ Toma lá metade deste cobertor, para quando chegar a tua hora. É que os teus filhos podem não te dar nada para te tapares.
O filho comoveu-se e acabou por levar o pai para casa, acabando assim com a velha tradição.
Beijos com carinho
Minha querida Gracinha
ResponderEliminarUma linda lição de vida..."Filho és..pai serás", fiquei comovida é muito triste, mas como sempre escrita como só tu o sabes fazer.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Olá minha querida amiga
ResponderEliminarEsta é uma grande lição de vida!
Diz-se se queres colher tens que semear, no entanto existe quem nunca semeou, mas consegue ter uma boa colheita.
Este texto mexeu demais comigo amiga, acredita.
Eu fui uma filha abandonada com apenas 8 aninhos pela minha mãe, nunca fui vista como filha e precisei tanto, mas tanto de uma mão para me amparar, no entanto não estava lá nunca, hoje com os meus 56 anitos vou todos os dias ao lar onde a minha mãe está por ter sofrido um AVC muito profundo, eu estou a sofrer demais ao vê-la numa cadeira de rodas, paralizada do seu lado direito, sinto revolta, porque eu não queria amá-la, mas amo e muito.
beijinho e uma flor
Estou a 7 anos na blogosfera : A viagem é o casula
ResponderEliminarhoje completando 2 anos de vida.
Quantos momentos alegres e triste também
faz parte da nossa jornada.
Deus permita muitos anos de vida para mim e meu blog
um mundo fantástico.
Onde nossas amizades sem face completa de maneira
sobrenatural minha vida.
Obrigada pelo seu carinho por fazer parte da minha caminhada
muitas vezes cansada ou meu caminhar um pouco mais lento.
Hoje deixo na postagem mil carinhos para você
um mimo desse dia feliz.
E o sorteio de mais 2 livros meus não
importa qual Pais será ganhador receberá com certeza com muito amor.
Pode até pensar porque sorteio tantos livros meus não é mesmo?
Por ele ser bom e de alguma forma deixar um pouco de mim para vocês.
Meu eterno carinho.
Um feliz final de semana.
Beijos na alma e no coração.
Evanir.
Estou só esperando você com muito carinho.
Aiiii Graça
ResponderEliminarMesmo já conhecendo esta história, meus olhos encheram de lágrimas! Como podem as pessoas serem tão crueis?
beijo amiga
Anne
Algo de muito errado se passa quando uma sociedade despreza assim os seus velhos. Especialmente porque todos o seremos um dia, se a morte não surpreender antes.
ResponderEliminarJá conhecia este conto, mas é impossível não nos emocionarmos, a cada leitura.
Um beijo
Em tempos li esse conto, emocionou-me tanto! voltei a reagir como da 1ª vez....
ResponderEliminarBjs
Mi querida amiga Gracia, por fin ya estoy aqui, paso a dejarte mi saludo y leer tan linda historia, siembra maldad y la cosecha se multiplicara. Nuestros ancianos son nuestras raices y tenemos la obligación de cuidarlos, lindo relato amiga. Un fuerte abrazo para ti, con cariño. Lola.
ResponderEliminar
ResponderEliminarMe gustaría ser una gota de lluvia,
Para nacer al borde de unos ojos bellos
derramarme por la luz de las mejillas
y romperme en la silueta de los labios,
para iluminarte con una sonrisa cada mañana.
¡¡Un feliz y radiante fin de semana te deseo!!
Atte.
María Del Carmen
Talvez a idade influencie a minha opinião, mas gostei da lição.
ResponderEliminarCumps
bonito conto e lição :-).beijinhos
ResponderEliminarOlá Graça, passei para deixar o meu carinho e reler tão bela história de vida. Beijos com carinho
ResponderEliminarAmiga!
ResponderEliminarUm texto para refletirmos sobre a maneira como tratamos nossos idosos. Só não envelhece quem morre cedo. Então... grandes possibilidades de passarmos pela mesma situação. Fazer o certo é o que devemos: respeito e atenção são indispensáveis!
Uma excelente escolha, minha querida!
Muitas beijocas!
Olá Graça!
ResponderEliminarTenho andado um tanto esquecida deste espaço e hoje estou a tentar por-me em dia. Esta é uma história que cada vez mais se repete com os idosos e por vezes com contornos muito "feios". Há um ditado popular que diz"Filho és, pai serás...assim como fizeres,assim encontrarás". Um grande abraço.
Maria Emília
CHE GUEVARA
ResponderEliminarO látego do carrasco
Deixou a mostra as veias abertas
De uma América sem líderes,
Cheia de ditadores patéticos
E de déspotas obtusos,
Promíscuos em suas salas de mármore.
Há os que iludem com discursos
E os que mentem sem palavras –
Apoderam-se de mecanismos de tortura
Para espalhar o pânico e o terror.
A América se ergue com a sua mão direita
Que, ensangüentada, deixa-se extinguir,
Cambaleante cai sobre a perna esquerda,
Em repetidos golpes...
O guerrilheiro está morto!
Seu idealismo se tornou sonho,
O sonho transcreveu sua lenda,
A lenda transformou-se em eternidade.
A América de Guevara se perpetua,
Em sua eterna busca
Pelos verdadeiros líderes,
Por sua total e plena liberdade.
*Agamenon Troyan (poeta brasileiro), autor do livro O ANJO E A TEMPESTADE
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