Desde muito miúda que o escrever era uma necessidade. Lembro-me que na casa velha, por detrás do Benfica, na Rua Heróis da Zambézia, o pequeno grupo da Escola - quase todos vizinhos – se juntava na pequena praceta, adoptada por nós como o local ideal para as nossas brincadeiras, para ouvir as histórias que eu inventava. Escrevia também pequenas peças de teatro que o grupo representava sob a minha orientação. Tinha um pouco espírito de líder. A minha Mãe, com a sua doce paciência, cedia-nos a varanda, com muita luz nas suas grandes janelas com rede mosqueteiro… por causa dos mosquitos, como era normal nas casas mais antigas de Quelimane. O meu Pai também participava nesta encenação, construindo um pequeno palco com caixotes fortes que trazia do seu estabelecimento comercial.
O meu irmão, que sempre teve jeito para o desenho e pintura, elaborava os cenários. Lembro-me de uns muito bonitos pintados com umas grandes rosas. Julgo que ainda os tenho guardados na arca da saudade. A minha Mãe comprava chita barata e fazia as cortinas do palco. A assistência era composta pelos pais de todos os “artistas” intervenientes e ainda por alguns vizinhos e amigos. Chegávamos a ter lotação esgotada com bilhetes a cinco escudos cada um, se bem que um ou outro “benfeitor” dobrasse a parada… para ajudar!
E não faltavam as três pancadinhas de Moliére a que dávamos extrema importância.
Pois o gosto pela escrita, cresceu comigo. No colégio, a disciplina que eu mais gostava, era o Português. Adorava interpretar, ler e fazer composições. Na altura andava ao despique com um colega de turma… As melhores redacções eram lidas nas aulas. Era um vira autêntico: ora agora eu, ora agora o colega (lembra-se “Senhor Doutor”?).
Detestava Matemática! Os números enfastiavam-me e as letras faziam-me sonhar.
Fiz um acordo com alguns colegas, os “barras” na malfadada disciplina… Eles ajudavam-me no intricado malabarismo dos números e eu fazia-lhes as redacções durante todo o ano.
Cheguei a fazer sete, ao mesmo tempo, sobre o mesmo tema e nenhuma repetida, o que levava a freira a nunca desconfiar.
Um dia, a minha “fama” tinha chegado longe (à turma do lado…) um colega mais adiantado que eu veio ter comigo e disse-me:
- Ouvi dizer que gostas de fazer redacções e queria pedir-te um favor. (Devo ter crescido uns centímetros na minha vaidade…) Imagina que a minha professora de Português deu-nos para o fim-de-semana um tema disparatado para fazer redacções: “Diálogo entre uma noiva e o seu anel de noivado”. Ridículo!
- Achas? Eu penso que é lindíssimo. Que pena a minha não nos dar esse tema. Faço-te a composição com muito gosto.
Esse fim-de-semana, subi às nuvens com aquele diálogo onde eu me imaginava ser a noiva.
Na segunda-feira, muito antes da primeira aula, estava à porta do colégio para entregar a redacção e dar-lhe tempo para ele a passar com a sua letra.
Passado algum tempo, ele veio ter comigo com uma folha na mão, para me mostrar, onde se lia em letra maiúscula e a vermelho : EXCELENTE!
- Fui o único. Obrigada pela tua ajuda.
Claro que eu também fiquei feliz.
No ano seguinte, eu era finalista e apanhei a professora de Português do meu colega, o que me deixou radiante porque era considerada a melhor em todo o colégio.

Quase no final do ano lectivo, já cansada de tantos pontos (hoje diz-se testes…) e da matéria a rever para os exames, ela espeta-nos com o tema “Diálogo de uma noiva com o seu anel de noivado”. Não arranjava tempo para coordenar as ideias, assoberbada com montanhas de matéria para rever. Pensei: o colega já cá não está (tinha ido para Lourenço Marques continuar os estudos) e ao fim e ao cabo, moralmente, a redacção é minha e não estou a tirar nada a ninguém. E, com tantas redacções que ela lê em várias turmas, possivelmente já nem se lembraria da “minha”.
Vai daí passei a limpo o que tinha escrito há um ano atrás.
Quando a recebi, corrigida, ansiosamente procurei o Excelente, mas… em letra bem pequena estava um simples bom!
No intervalo falei com a freira, procurando saber o que é que ela não tinha gostado na minha redacção.
- Maria da Graça, tenha paciência. A sua redacção eu já a li em qualquer lado, não posso precisar onde, mas é um autêntico plágio!
A solidariedade e a amizade recomendaram o meu silêncio.
Saudade!
ResponderEliminarQuem te conheçe
Que não tenha chorado?
És amarga, insidiosa
Amiga das lembranças
De transitórios momentos
Vividos intensamente
De doces recordações
Que torturam o coração.
Quando serás a saudade
Das lembranças mais ardentes
A recordar sem saudade?
Belo texto!
Tácito
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ResponderEliminarGraça, fez-me divagar de novo nos horizontes das minhas memórias com este seu texto. Muito bonito. Identifico-me muito com a sua escrita por ser simples, acessível e porque os seus dedos descrevem ao pormenor e fielmente o que lhe vai na alma.
ResponderEliminarAlguém me disse várias vezes, que quando lia os meus textos, aqueles que escrevo com a alma, se sentia parte deles. Que se conseguia localizar nas minhas histórias, como se fizesse parte delas. Eu nunca percebi muito bem o que a pessoa queria dizer com aquilo, até conhecer o seu blog e ler alguns dos seus textos.
A vida dá voltas e abre-nos muitas portas. Como bem se lembra, por pouco que o destino que nos apresentou, nos ia separando. Mas algo me trouxe aqui a correr naquele dia, a desculpar-me comalguém que nunca tinha visto e que, pela lógica era apenas mais um nick, entre tantos que nos aparecem. Que diferença faria que não nos voltássemos a encontrar?!
Mais tarde percebi que faria esta diferença. Que talvez nunca experimentasse a sensação de ler histórias de alaguem que parece que as escreveu para mim. Parabéns por isso.
Bem haja e obrigado por ser quem é...
Que ternura, amiga.
ResponderEliminarAdorei este texto, senti-me na escola contigo.
Até deu para ver a cara estupefacta, com que olhaste para a freira.
E quando a amizade e a solidariedade nos calam, é porque existe um coração do tamanho do mundo.
Jinhos grandes amiga, obrigada por existires na minha vida.
Graça, quem escreve textos destes, só pode ter sido uma boa aluna em português, e ter feito lindas redações, que plagiou a própria redação que já tinha feito um ano antes, e a freira não foi fita.
ResponderEliminarNão sei porquê, mas fez-me lembrar um poema que não sei quem escreveu, e é assim.
o poeta é um fingidor
finge tão intensamente
chega a fingir que é dor
a dor que deveras sente
um bom fim de semana
e um grande beijinho, José
Graça, teu texto é maravilhosamente leve, divertido e nos traz lembranças...
ResponderEliminarTu eras com o teatro e eu te conto que, quando criança, quis ir-me com um circo, porque amava as dançarinas e os inocentes palhaços, hoje os circos são só tecnologias.
Tua infância tem ares de alegria.
Quanto ao plágio só te digo que, tua redação foi marcante, caso contrário, a senhora, tua professora, não teria lembrado.
Beijinhos
Minha amiga Linda...
ResponderEliminardeixo para ti....
Africa sempre
Africa
África minha vida
Que entra
No meu coração…
Porque…
Para mim África
É saudade
Saudade grande…
E ao olhar…
Apenas a “foto”
E ver….
No pequeno papel…
Uma recordação…
O meu coração
Bate, bate forte…
Quer sair…
Dentro do peito…
Porque tu…
Africa…
Tens o feitiço
Que mais ninguém…
Nunca terá!...
Lili Laranjo
muito bonito... muito bem escrito...faz-nos viajar...
ResponderEliminarUm beijinho
Eduarda
Be in ♥ love
Graça,
ResponderEliminarmuito bom seu texto.
Vc escreve divinamente.
Bjs.
OI GRAÇA
ResponderEliminarQUE LINDO TEXTO, SENTI ATÉ SAUDADE DO MEU TEMPO DE ESCOLA.QUE TEMPO BOM!!!
UM BOM FINAL DE SEMANA...BJUSSSS
é uma dilícia ler os teus textos, mostram uma saudade que nada tem a ver com saudosismo .
ResponderEliminarafinal a professora lembrava-se loool
beijo Graça
teresa
Graça.
ResponderEliminarQue lindo texto,só mesmo quem tem uma alma poeta como tu o poderia escrever.
Um beijinho.
Angelino.
Graças,
ResponderEliminarMaravilhoso esse conto, mais uma vez nos leva a estar contigo naquele tempo, seja em África, seja em cada nossa escola de infância.
Tuas memórias são memórias vivas dentro de ti. amiga.
Beijos
San
Olá Graça. Adorei a sua história e da maneira como a escreve; identifico-me bastante com ela, porque também estudei em colégio de freiras, aqui em Portugal, mais precisamente em Ponte de Lima; por incrível que pareça, gostei muito desse tempo, sinto saudades e fiz lá grandes amigas, tendo, no entanto perdido o contacto praticamente com todas. Depois do curso que foi tirado no Porto, casei, trabalhei um ano cá e depois em 75 fui para o Brasil, voltando 14 anos depois. Como a Graça, também sempre detestei Matemática e isso notou-se logo na primária; adoro linguas e até hoje não posso ver números à minha frente. Gosto muito de ler e escrever. Foi gostosa voltar atrás no tempo e recordar a nossa escola; eu costuma brincar de escolinha; eu era a professora e ensinava as minhas vizinhas mais novas; isto porque eu sempre quis ser professora; acabei sendo secretária numa empresa, mas, logo que pude troquei essa profissão pela de mãe e professora dos meus filhos. A educação continua a ser a minha paixão e, como os meus filhos já não precisam de professor, mato os desejos dando uma ou outra explicação a filhos de amigos meus e ajudando a minha filha com as aulas dos aluninhos dela.Obrigada, Graça por este momento delicioso e beijinhos
ResponderEliminarEmília
Amiga Graça, que maravilha!
ResponderEliminarHistórias dos tempos dos bancos escolares, geralmente, são as que permanecem penduradas intactas na parede da nossa memória.
Sua precoce vocação dramaturga foi uma grata surpresa. Já a literata, não passou de uma anunciada confirmação. Quiçá pudéssemos ler tão inusitado diálogo...
Um grande beijo para você, Maria da Graça!
Graça, penso que já uma vez te disse, porque não reunes todas estas histórias lindas que nos vais contando e publicas um livro. Vejo por aí tantas publicações sem um mínimo de interesse, que lamento a qualidade não ter possibilidades de ser reconhecida.
ResponderEliminarSabes gosto muito de Miguel Torga e quando leio, ou releio, os seus contos da montanha, lembro-me de ti.
Escreve, meu bem, sou o primeiro a ler-te!
Um beijo, Graça, e um bom fim de semana para ti.
Carlos
A Madre Imelda não te deu o excelente mas levas agora essa merecida nota!
ResponderEliminarO teatrinho a que te referes chamava-se "Teatro Rosas", nome inspirado no cenário que desenhei.
E quando os espectadores conversavam nós, os 'artistas',interrompíamos a representação e admoestávamos: "assim não vale!".
Beijocas
José:
ResponderEliminarO autor desse poema a que se refere é, nada mais nada menos, Fernando Pessoa que, em "Autopsicografia", diz:
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.
Bom dia Graça:
ResponderEliminarBela história que aqui nos dás, e as fotos que apesar de serem a preto e branco são lindas que nos levam ao retorno de tempos tão bons.
É mais uma relíquia do passado que aqui nos deixas, pois a descrição de como expões os factos é maravilha, não esquecendo eu de que também são recordações de tempos e lugares de terras que tanta saudade me deixou.
Que daí venham sempre belos momentos em história posta aqui por ti daqueles lugares onde meu coração nunca esqueceu por tudo o que de bom lá passei.
Bjos, bom Domingo cheio de felicidades e muita paz.
Lindíssimo, Graça!!!! Plagiaste-te a ti própria! Foi muito digno o teu silêncio. Gostei. Gostei. Podias pôr aqui essa redacção. Gostava de a ler. Mil beijinhos. Tátá!
ResponderEliminarZAMBEZIANA: revejo-me em quase todas as situações que recordas da vida no Colégio! Como são tão iguais, nas suas diferenças!Revejo-me ,igualmente, no gosto pela escrita, que vem dos tempos em que as minhas redacções eram igualmente lidas pela DRª manuela, mulher de carácter intragável, mas que me ensinou tanto, desde o 1º ano de então...
ResponderEliminarBEIJO DE LUSIBERO
E assim se cometem injustiças...
ResponderEliminar"A solidariedade e a amizade recomendaram o meu silêncio." Esta atitude tomada perante um juízo feito, tocou-me.
Que texto delicioso e consegui enxergar teu rosto com o que a freira te disse. És uma pessoa íntegra tão bom de te conhecer!
ResponderEliminarBeijos
Anne
Graça, outro dia deixei um comentário,mas no momento que o escrevi estava muito "mexida" e coloquei coisas que estava sentindo .
ResponderEliminarRevendo, achei melhor apagá-lo, pois a maturidade recomendou-me o silêncio.
Mais uma vez "Parabéns" pelo texto, que me trouxe muita saudade do meu colégio em Belo Horizonte.Tb estudei com freiras, com quem aprendi tocar piano, bordar, pintar(aquelas coisas de moça prendada,rsrs)mas que meus pais faziam questão.
Lindo fim de semana.Emilinha
Olá Graça, seguia dali do blog "histórias reais pró mundo virtual"
ResponderEliminarGostei de ler esta sua história real e da forma como a escreve.
Quase me apetecia dizer que mais parecia "eu"...o seu tal colega.
identifico-me bastante com este seu relato, não porque tenha estudado num colégio de freiras,mas pelo simples facto de ser um aluno bom e às x muito bom à disciplina de Matemática e mau a português (ainda hoje) e ter pedido igualmente a uma colega para me fazer as redacções às quais eu considerava uma materia muito chata em troca de lhe resolver os exercicios de calculo Matemático.
Agora fez-me voltar no tempo... gostei!!!
vou voltar aqui naturalmente para ler outras publicações suas.
um Bom fds
Olhe, sabe Amiga Notável:
ResponderEliminarVOCÊ não escreve somente muito bem, mas DIVINALMENTE, entende...?
É uma preciosidade literária que me deixa sem palavras.
Quanto às suas recordações de tempos atrás, soberbas numa deliciosa pessoa que é.
Estou meio pasmo. Boquiaberto. Estupefacto. (Desculpe), mas é tanta a pureza e beleza.
MUITO OBRIGADO, pela sua enternecedora amizade.
VOCÊ...VOCÊ...ENCANTA!
Fiquei atolamado, desculpe, de novo...!
Com imenso respeito, estima e fascínio.
Beijinhos amigos.
pena
Linda...!
Bem-Haja, pela magia que provoca nas pessoas.
Não só adorei, mas ...fiqeui fora de mim, pelo seu encanto.
MUITO OBRIGADO, ouviu, amiguinha genial.
Graça, vc tem um dom muito especial de escrever e prender a atenção de quem está lendo...são fases da vida muito boas de recordar e vc a faz ficar muito especial...adorei o jeitinho como vc contou q se plageou...rs
ResponderEliminarbeijos com carinho!
Olá Gracita :)
ResponderEliminarCom que então a "menina" gostava de representar ?? Quanto rigor nessas representações, tudo ao pormenor..AH AH AH AH
" a solidariedade e a amizade recomendaram-me o silencio" ...Muito bonito !
Um bom domingo para ti..beijinho
Norberto
Graça;
ResponderEliminarDesculpa, mas este tema fez-me rir. Mas um riso de ternura e de saudade. Nunca fui excelente, apenas bom o que já era para mim excelente e claro, histórias de momentos vividos ao longo dos anos de Escola, Liceu, e Universidade. Este teu tema de saudade, e a mim a saudade não me faz chorar, apenas sorrir dos bons momentos vividos, têve o condão de como num filme rever muitos dos meus colegas e professores.
Este teu post está maravilhoso.
Áhhh,... eu era bem melhor em matemática que em português, embora não me saisse mal nesta matéria.
bjs, Graça,
Osvaldo
Graça
ResponderEliminarMais tarde (e espero chegar a tempo) comentarei as histórias da sua vida, de que muito gosto.Agora vamos a correr para a missa das 12 h e ontem (hoje) deitamo-nos ás 2 horas!
Venho aqui dar-lhe
um Bom Dia especial
e agradecer-lhe
por estar sempre presente e por dividir a sua presença por aqueles que precisam de companhia e de compreensão.
Obrigada por ter estado na casa da venância.
Um grande beijo
Manuela Baptista
BOM DIA GRAÇA! Tua escrita é docê...muito gostoso ler seus textos. Tem "MIMO" para amigas no blog...te espero!
ResponderEliminarPAZ no seu caminho...
Graça
Agradeço do fundo do meu coração a sua visita.
ResponderEliminaré sempre um prazer te receber por lá.
Curiosa, fica muito feliz e retribui o seu carinho.
Bom domingo amigo.
Sandra
Andei neste colégio a estudar, enfim arrastei-me para fazer o quinto ano em dois anos.
ResponderEliminarJá não me lembra de quase nada mas havia uma Madre que ensinava História e que avisava que era preciso abrir janelas.
Nunca me esquecerei dela.
Oi Graça,
ResponderEliminarE novamente,excelente!
Onde estudei a atmosfera era a mesma.
Em casa tive meus teatros,um clube com biblioteca e tudo,e ler sempre foi paixão.Você fez-me sentir de volta a escola...e foi muito bom.
Flashes da minha infãncia eu posto no blog
www.tatuicidadeternura.blogspot.com
Cidade onde estudei,cresci,meu ícone de ternura.
Adoro seus comentários nos meus blogs.
Sempre espero por êles.Sensíveis e inteligentes.
Com carinho,
CRIS
olá. minha querida!
ResponderEliminartambém não gostava de matemática, apesar das boas notas.
gostava de português, escrevia pouco e, não tão critativa quanto você que plagiou a sí mesma - rsrs.
bjkinhas com muito carinhos,
Graça, querida!
ResponderEliminarEssas gratas recordações e mais as fotos de infância, só você mesma, com esse modo saudoso de contar pode nos embalar o passado.
Gostosa semana, amiga!!!Bjsss
Delicioso momento, o que agora passei lendo o seu texto.
ResponderEliminarPrimeiro, pelo simples motivo de que também eu juntava os amigos para representarem as minhas "peças" num "teatro" ao ar livre debaixo de um enorme carvalho. Depois porque também fiz muitas redacções "encomendadas". Revi-me na infância e adolescência.
O episódio do plágio é realmente interessante. Se analisarmos a situação, verificamos que a professora embora não soubesse o "quando" e o "como", sabia bem "o quê" e isso é muito significativo.
Um beijo
E' dura studiare in collegio.
ResponderEliminarGraça
ResponderEliminarPartilhando consigo a paixão pela escrita, fui boa aluna a Português e adorava as Composições (era assim que lhes chamavam).
A Matemática era sempre a primeira a receber o teste, porque o professor começava por baixo ou seja pela nota mais baixa...
Salvou-me o colégio de S. José (Ramalhão) que com a sua calma e professoras pacientes me recuperou para a Álgebra, porque em relação à Geometria, ainda hoje estou para saber o que aquilo era!
A sua vivência de encenações e peças de Teatro representadas por irmãos e primos também foi a minha, daí este meu vício do faz-de-conta.
É tudo uma questão de continuar a encenar!
Somos uma geração privilegiada?
Talvez. Mas quando vejo os meninos de agora sem tempo para nada, agarrados ao game boy ou à TV, iletrados e isolados, penso que perderam mais do que ganharam.
Gostei de ler aquilo a que eu chamaria "A revisitação de um texto".
E por termos partilhado tanta memória,
vou passar a tratá-la por tu.
Não é por pedantismo que trato as pessoas por você, é por respeito, mas acabou-se.
O "você", porque o respeito continua!
Uma boa-noite para ti
um beijo
Manuela Baptista
PS: a nossa Alegria terá mandado às urtigas o café da manhã e o chá da meia-noite?? Espero bem que não...
"As ideias são propriedade comum de toda a gente; só os autores de vaudevilles reclamam contra o plágio ."
ResponderEliminarLembro prefeitamente deste colégio, apesar de eu ter andado sempre em escolas oficiais... Vasco da Gama onde fiz a 2ª até à 4ª classe!
ResponderEliminarA 1ª classe fi-la cá em Portugal porque coincidiu com férias de pais pela 1ª vez a Portugal, em 9 anos de Moçambique.
Saudades....
Beijinho para si
"Detestava Matemática! Os números enfastiavam-me e as letras faziam-me sonhar."
ResponderEliminarUm belo retrado sem dúvida nenhuma. Nostálgico, lúcido e pertinente. Faz-nos pensar se o altruismo pode ser em alguns casos, como este aliás que aqui referes, um bem lógico...
Revi-me aqui, confesso.
Cumprimentos.
Bom dia,querida!
ResponderEliminarPassando para desejar uma ótima semana e para te
oferecer um selinho "ESSE BLOG TAMBÉM É CULTURA" ... pega no meu blog ...é todo seu
Beijos,
Cibele
A tua história, que tem um fim feliz, lembra-me uma que eu ainda não sei como vai acabar.
ResponderEliminarEscrevi, há uns tempos, um ensaio sobre um escritor, para um amigo apresentar na Universidade. O ensaio teve 19 valores. O problema é que eu gosto mesmo do que escrevi e estou com uma pena enorme de o não poder publicar...
Enquanto ele não estiver formado ficará assim...
...depois logo se verá...
Beijo,
António
Com que então a plagiares-te! Não contaste com a memória de elefante da freira (ela e o Lobo Antunes que me perdoem)! Olha, mas valeu a pena. Pudeste recordar a aventura e contá-la com o brilho de pena que te é habitual, dando-nos o prazer da sua leitura.
ResponderEliminarA história fez-me sorrir. A que recordações me levou!
Deixa que abuse do teu espaço. Escrever é uma necessidade velhinha, diziam que era bom…
Um dia mudei de colégio. Nova Professora de Português. Primeira aula – redacção para fazer. Tema – o mar.
Lembrei-me do livro de Pessoa que me haviam oferecido. Escrevinhei. Já está, sou um campeão, disse para mim. Entreguei a prosa, todo pimpão (vaidade de puto!). Semana seguinte, correcção. Na entrega das provas a professora chama-me. Tens aqui um bom trabalho, vais lê-lo para que a turma o conheça.
Ó Deus! Embatuquei, não acertava palavra com palavra, engasguei-me ao comprido. Não consegui senão balbuciar. Bom, já vi que alguém escreveu isto por ti, senão não estarias para aí nessa figura. Zero!
Um mês depois, nova redacção, tema livre. Contei, então, a história do namoro de um pardal com uma pintassilga. Antes escrevi:
Senhora Professora, o pardal e a pintassilga existem. Ele passa o dia no beiral aqui do colégio, ela vive na quinta dum tio meu, onde ambos se encontram ao pôr-do-sol,passam a noite à conversa com as estrelas e, de bicos colados, a dizerem segredos um ao outro. Ontem, vi-os a construir um ninho. O meu tio é pouco dado às letras, liga mais às artes da terra. Fui eu que escrevi. Por favor não me mande ler outra vez, porque senão fico sem voz. Muito obrigado.
Na correcção a mestra voltou a chamar-me. Chegado ao estrado disse para todos, tenho aqui algo que vos vou ler. Leu o namoro. Palmas (pois foi!). Entregou-me a prova. Ao cimo da primeira folha à direita estava escrito, a vermelho, excelente. Vinha outra agarrada, a do mar. Nota: excelente.
Então, Graça, fiquei mesmo todo pimpão!
Um beijo
Graça
ResponderEliminarObrigado pelas palavras gentis, e que quando escrevo sobre sentimentos, sai tudo de dentro da alma.
Abs amiga
Simplesmente maravilhoso, Graça.
ResponderEliminarReviver com você momentos tão lindos, passear por seu passado...
E ter um plagio de si mesma é relamente notável... rs... Adorei!
beijos
Oi Florzinha, passar por aqui é sem explicação, vc nos faz viajar nos seus textos... lindo demais...
ResponderEliminarbj otima semana
monica
António:
ResponderEliminarSabes que aquilo que escrevemos são bocadinhos de nós, como se fossem "filhos do coração". Se o que escreveste teve uma óptima classificação e apreciação e tu gostas demais dessas linhas que ditaste para o papel, a ponto de gostar de ver o texto publicado num livro...meu amigo,avança com o teu sonho e faz um outro trabalho para o teu amigo, sob pena de o arrependimento ficar sempre contigo a moer-te!
Quero Lê-lo depois, no teu livro.
Um beijo.
Graça
Carlos:
ResponderEliminarComo já te disse, a palhota é dos amigos. Ocupam o espaço que quiserem. Contam as suas histórias, vivências,fazem comentários que, desta vez, achei muito interessantes por terem na sua vida, passagens
semelhantes a esta minha.
Volta sempre. Um beijo.
Graça
Amiga!
ResponderEliminarMando-lhe o mail solicitado.
Obrigado.
Beijinhos
Olá amiga.
ResponderEliminarAdorei a receita, será que o bolo em verso fica melhor??? eheheh...
Obrigada pela presença e pelo carinho.
Jinhos grandes e uma óptima semana.
Tens toda a razão Graça, quando dizes que aquilo que escrevemos são bocadinhos de nós, como se fossem "filhos do coração".
ResponderEliminarCriei um novo post, uma ideia que tive, aproveitar as minhas muitas fotos, são centenas e juntá-las a uma poesia, onde exista uma palavra que tenha a ver com a minha foto.
Queres espreitar esta nova ideia?
Espero por ti.
Aguardo a tua opinião.
Beijo e abraços.
Boa semana.
GRAÇA
ResponderEliminarDEIXO UM BEIJO CHEIO DE CANSAÇO...
aNDO CHEIA DE TRABALHO.JÁ NÃO ESTAVA HABITUADA À ESCOLA,
CHEGOU O PINTOR
Vinha vestido de preto...
Com boné preto e lindo...
Vestia uma bata branca...
Para cobrir o fato...
E não deixar a tinta passar...
O pintor pega na paleta...
Coloca um emaranhado de tintas...
Tintas de todas as cores...
Verdes, amarelas...
Roxos, azuis e encarnado...
Pegou no pincel...
E com arte...
Com saber...
Com magia...
Entrelaçou as cores...
Entrelaçou o seu saber...
Entrelaçou afectos...
E no fim eu olhei...
E nun canto...
Num canto muito especial...
Eu vi...
Umas pintinhas...
Volto a olhar...
E nessas cores...
Nessas pintinhas...
Eu vi que era... "eu"...
Querida escritora e amiga Graça, amei suas "memories" e sua fidelidade ao colega. Rezamos na mesma cartilha, já vi.rs Estudei tb aqui no Brasil em colégio de freiras.Me deu uma saudade ... Parabéns pelo belo texto, como sempre.
ResponderEliminarUm beijinho
E.T. Hoje não fui acordada pelas cigarras. Chove no Rio de Janeiro. rs
Olá, Graça.
ResponderEliminarEstava sumida, mas agora só tenho este blogue "Anjos da Guarda", voltei para nosso chá.
Beijo
Renata.
Graça,
ResponderEliminarOs seus textos são uma delícia, cheios de memórias vivas sobre esse belíssimo país que é Moçambique.
Um abraço e uma excelente semana
Chris
Olá Graça, adorei a história, mas não me posso identificar com ela. Primeiro porque já tinha 17 anos quando fui estudar e de noite. Depois porque eu ADORAVA a matemática. Ás vezes ainda me lembro de certas regras. Sinais iguais dá-se o mesmo sinal e soma-se. Sinais diferentes dá-se o sinal de maior valor absoluto e subtrai-se. fiz o nono ano há oito anos e foi assim. Tenho pena de não ter um curso de matemática. Quanto ao não ter aberto a boca, a boa amizade é mesmo assim. Já li o texto 2 vezes e se calhar ainda volto para o ler. Beijócas querida amiga e boa semaninha.
ResponderEliminarEscrita bonita!! Kiss
ResponderEliminar:)) fez bem em manter-se caladinha :) Gostei. Também eu fazia as minhas peças de teatro ao ar livre com as amigas...aliás, o meu último post tem alguns pontos de contacto, curioso...
ResponderEliminarBeijinhos
"Contar histórias a não importa quem, que as escuta como sendo histórias, que não te conhece, que não espera literatura. Quão bela seria a vida como andarilho contador de histórias! Alguém diz uma palavra e contas a história. Nunca pararás, nem de dia, nem de noite, ficarás cego, perderás o movimento dos membros. Mas restará a boca a teu serviço, e contarás o que te passa pela cabeça. Não possuirás nada, apenas um número interminável e sempre crescente de histórias. Melhor ainda seria se pudesses viver apenas de palavras e tampouco precisasses comer."
ResponderEliminarElias Canetti em "Sobre os escritores" via Kristina Michahelles.
A sua narrativa, amável, gostosa e amiga, levantou em mim um ponto que ligou a vocês dois. Canetti em sua radicalidade e você em sua sensibilidade, dizem o mesmo com palavras trocadas ou intercruzadas. Beijos desde aqui.
Olá querida Graça,
ResponderEliminarTem um selinho aguardando por v/c no meu blog Fitness http://aptidaofisicaesaude.blogspot.com/
Um beijo no coração.
Eliane
Oi Graça,
ResponderEliminarMuito interessantes estas histórias...tenho algo parecido. Acho que esse tipo de, digamos, decepção que nos tomar em fúria nos direcionando a dedicação e encontro com nossas vontade.
Muito bom...
Rafael
Como sempre belo texto que nos consegue capetar a atenção até ao fim...e na verdade estas coisa acontecem, e hoje até te saberá bem recordar...
ResponderEliminarBjs
Olá Graça!
ResponderEliminarJá cá estive novamente no teu cantinho com a mana e ela efectivamente lembra-se de ti e recordámos algumas caras nas fotos que aqui tens...É tão bom matar saudades da nossa terra e da nossa gente, bem hajas por partilhares tudo isto connosco!
Beijoquitas e bom fim de semana
Helena
PS:Um dia destes mando-te uma foto nossa para ver se te lembras de nós...