terça-feira, 17 de março de 2009

Colegiais...


Tínhamos decidido não fazer o ponto de História na segunda-feira. Era então nossa professora da disciplina a Madre Maria D’Aquino que acumulava ainda a disciplina de Desenho. As festas e a farra no fim-de-semana não nos tinham deixado tempo para gastarmos os neurónios a rever a matéria. No final da matinée no Cinema Águia, o grupo assentou arraiais na Marginal para combinar pormenores. O teste era à primeira hora (7 horas) pelo que teríamos de estar na esquina do Colégio, em frente à casa Vieira, quinze minutos antes para que tudo corresse sem percalços. Mas… há sempre um mas… uma das alunas internas, nossa colega, soubera da nossa trama e denunciou a turma à professora (ainda hoje estamos para saber como ela o soube…). Estávamos nós em grandes conciliábulos quando de repente, pelo portão antigo do colégio, saem a Madre Maria D’Aquino e a “delatora”. Um dos colegas gritou: “Fujamos!” Ah pernas de juventude, agilidade não nos faltava… Com os livros debaixo do braço depressa chegamos em frente ao Benfica. Naquele cruzamento ficamos indecisos: para onde correr? Em direcção à Câmara ou até ao prédio Baião? Não tínhamos muito tempo para pensar pois a mestra e a sua sombra aproximavam-se a passos largos. Então alguém teve uma feliz ideia: metemo-nos no Benfica que é um “antro de pecado” e a irmã não entra lá… E assim fizemos. Quase levávamos o porteiro à nossa frente com aquela avalanche! Depois, por detrás das vidraças do salão, olhávamos a rua. As duas chegaram esbaforidas à esquina, e olhando para todos os lados ficaram indecisas por não vislumbrar ninguém. Acabaram por voltar pelo mesmo caminho e nós, calmamente, fomos à segunda aula. Escusado será dizer que a turma toda teve um zero no ponto. O pior vinha depois… como explicar aos pais o que tinha acontecido? Nova reunião para estudar um motivo plausível e unânime: todos tínhamos boas notas à disciplina e não estando seguros daquela matéria não queríamos pôr em risco a nossa situação. Queridos pais…


NOTA: Quando cheguei a Portugal em 76, vindas de Fátima, do nosso colégio, chegavam-me às mãos com muita frequência cartinhas amorosas da querida Madre Maria D’Aquino encorajando-me no início de uma nova vida que todos nós tivemos que começar.

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