segunda-feira, 23 de março de 2009

Primeira Semana da Primavera


Esta manhã, em redor da minha casa, o mundo parecia dormir despertado apenas pelo bando de passarinhos que vão chegando aos poucos e não se cansam de cantar. Abri também as minhas asas e fui por aí fora… Antes, dei corda ao meu velho relógio de parede, tão velho como eu. Deixei-o retalhando o tempo com o seu tiquetaque já não tão sonoro como antigamente. Será que a alma das coisas se vai gastando? Não sei!
Deliciei-me com o meu passeio a pé. A natureza expande-se em força neste novos dias. Acredito que há risadas entre os ramos que se estendem depois do atrofiamento do Inverno. Penso na citação de Duhamel: “ Comunicando o que descobres trabalhas para os outros e para ti ao mesmo tempo. Dás uma forma ao teu sonho e entrega-lo assim, perfeito, a quem quiser colhê-lo… Fala, fala sempre do teu sonho.”
E eu falo. Falo sempre do meu sonho (não a toda a gente), deste sonho que colhi e guardo na minha alma. Acredito que chegarei à foz do rio, apesar das represas que vou encontrando, algumas bastante difíceis de transpor. Quando não consigo, deixo-me ir ao sabor das águas e às vezes, quantas agradáveis surpresas… Nem sempre é mau deixarmos que a vida nos leve. Outras vezes mergulho nas recordações para ganhar energias. De novo cito Duhamel: “Não acrediteis que possuir uma recordação é possuir um mundo morto. O mundo das lembranças vivas está indissoluvelmente ligado às nossas ocupações e aos nossos actos que ao acumular recordações, temos a impressão de preparar, de edificar o nosso próprio futuro.” Acredito que assim seja. Neste tempo de Primavera são vitaminas que vou tomando e que são precisas para retemperar forças.
É admirável que a minha “juventude” se revele, de novo, tão depressa apesar de tantas preocupações e solidão do coração. A mocidade (pelo menos a interior) é como este tempo, renasce sempre, ou de vez em quando, e eu faço também por isso.

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