domingo, 18 de abril de 2010

A Rua da Morgue



A Casa Mortuária ficava encravada (tal como a morte) no topo de uma pequena rua sem saída… a não ser para o cemitério!
Era estreita, de comprimento teria pouco mais de cem metros e convivia serenamente, o que era natural, com a sua vizinhança. De um lado um dos muros e o portão de serviço do Colégio Nuno Álvares. Do outro umas três ou quatro casas geminadas, do princípio do século vinte, com uma varanda corrida com um muro baixo com pequenas colunas, onde os moradores se debruçavam para ver o cortejo fúnebre passar.
Esta capela, que a mim mais me parecia um açougue, ficava nas traseiras do Hospital Distrital de Quelimane, bem lá no fundo para que os doentes não se apercebessem que havia menos um hospitalizado e mais um encravado na Rua da Morgue.


Mesmo em tempo de muito calor aquela capela era fria. Completamente despida, de paredes muito brancas, tinha dois bancos corridos em pedra, um de cada lado e uma Essa no meio em mármore branco duma frieza que gelava. O único agente funerário existente na cidade (acho que se morria pouco em Quelimane…) o senhor Regalado, até o nome combinava bem, conseguia colocar alguma dignidade naquele frigorifico, com panos roxos lavrados simples ou bordados a ouro de acordo com a conta bancária do finado.
Durante muito tempo tive medo da morte, dos mortos e daquela rua…
Talvez por ser estreitamente sinistra, sem saída, os instrutores de condução gostavam de lá

levar os seus alunos a fazer manobras de inversão de marcha, estacionamento entre dois carros e outros exercícios testando não só a perícia do aluno mas também a sua coragem.
Quando comecei a ter aulas de condução foi uma das coisas que pedi ao meu instrutor:
- Por favor não me obrigue a fazer manobras na Rua da Morgue!
- Mas porquê?
- É que se a casa mortuária estiver aberta e com um morto lá dentro… eu fecho os olhos!
- Ora menina, deve ter medo é dos vivos e não dos mortos!
Mas devo ter mostrado tal pânico que o instrutor nunca me deu aulas naquela rua.
Uma amiga minha, que também andava nas aulas de condução, nunca se negou a fazer exercícios ali e até achava que era uma rua óptima para se ganhar confiança ao volante.
- Mas já lá fizeste manobras em dias de funeral? - perguntava eu espantada com tanta firmeza.
- Nunca calhou mas não me preocupo, afinal, o morto não vem atrás de mim…
Nem de propósito! Na semana seguinte morreu um VIP. A pequena capela tinha as suas pequenas portas escancaradas. Não cabia lá nem mais uma agulha. As pessoas com os seus ramos de flores ocupavam os pequenos passeios e quase toda a rua.
A minha amiga entrou com o carro de instrução devagarinho.
O instrutor disse-lhe:
- Tenha calma. Vamos fazer a inversão de marcha ao chegar ao primeiro grupo de pessoas.
Ela suava completamente desnorteada e acelerou.
- Não é aí! Utilize o travão. – mas o pé da minha amiga estava definitivamente colado no acelerador.
As pessoas só tiveram tempo de dar um grande salto e encostarem-se apertadinhas nos passeios, enquanto ela acelerava mais galgando o pequeno degrau, entrando pela morgue de encontro à urna funerária.
Abriu conforme pôde a porta do carro e correndo desesperada gritava:
- Eu matei-o! Eu matei-o!
O instrutor corria, também, atrás dela, dizendo-lhe:
-Não, ele já estava morto. Ele já estava morto!...


82 comentários:

  1. Querida Amiga Graça,
    Desculpe-me dizer mas ri-me imenso com o desespero da sua amiga, do desgraçado do instrutor e das pessoas que estavam na rua... Do morto nada a dizer pois ele de nada se apercebeu. Para fim de tarde de domingo foi delirante! Lembrou-me um acidente da minha irmã em moldes diferentes ainda que com algumas semelhanças. Vou contar: Seguia no transito de uma rua muito ingreme uma viatura funerária. Tiveram que parar e o condutor da viatura funerária não conseguiu mante-la parada e ao descair bateu no carro da minha irmã e com tanto azar que a porta de trás se abriu e a urna saiu e resvalanndo no capot partiu o vidro da frente e ficou a centimetros da cara dela. Com tudo isto ela entrou também em pânico e quem a salvou foi um senhor que a tudo assistiu e que a ajudou a sair do carro, tratar de resolver o acidente e levá-la a casa pois ela ficou literlmente imobilizada com o sucedido. Posso dizer-lhe que durante muito tempo não se podia falar deste caso à sua frente pois ela ficava logo toda incomodada!
    Como vê não foi na rua da Morgue em Quelimane foi numa rua de Lisboa e ambas foram esbarrar com um morto numa urna...
    Beijinhos amigos.

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  2. oi Graça,
    no começo fiquei lendo, prestando bastante atenção, e me preocupando com o teu medo, mas depois acabei rindo muito da tua amiga, que quase superlotou a capela, vai que ela atropelava várias pessoas de uma só vez, mas se foi só o já morto Vip, deu tudo certo...
    fora de brincadeira, são coisas que acontecem, cada qual com seus medos.
    adoro ler suas historias sempre são muito interessantes.

    beijo de luz

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  3. Muito bom amada rs.
    Vim te desejar uma bela semana.
    Um beijo grannnnnnnde.

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  4. A tua forma de decifrar quotidianos em pedras raras surpreende-me... e o medo por lá morreu...
    Uma excelente semana
    Um beijo
    Chris

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  5. Um pedacinho de memória, muito engraçado!
    Bjs

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  6. Querida amiga Graça,

    Estou fora de horas, mais visitas e um dia cheio.

    Adorei o teu texto...ri-me imenso. A forma como narras é de tal forma empolgante que se lê num ápice e fica-se com vontade de ler mais e mais.

    Parabéns.
    Beijinhos doces, amiga.

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  7. Olá Graça:

    Não há dúvida que por aqui se assiste a bons momentos de vários géneros.

    Este post então é parte integrante de que rir é o melhor remédio, mesmo que com a morte à frente dos olhos surge o riso da própria história que como sempre, faz parte da boa qualidade deste belo Blogue.

    Bem, mas pelo sim pelo não, bato com a mão na mesa dizendo:

    Lagarto Lagarto, vamos a ver se para o ano será Campeão.

    Bjos, bom início de semana e cuidado com o pé no acelerador!..

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  8. Ainda não parei e rir.Está muito bom.
    Boa semana a todos!

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  9. Olá graça,se fosse noutro lado eu nem lia tampouco,mas aqui li cada palavra e depois teve um final que eu não diria feliz,mas que deu para rir deu.
    Sai dos post onde falava de mortes, e o primeiro comentário, tem o nome PELOS CAMINHO DA VIDA,
    pensei assim para mim, estou no caminho certo.

    uma boa noite
    um beijinho grande
    José.

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  10. Olá Graça amiga, estou de volta e, sorte a minha, encontrei este texto narrando, da forma empolgante como sempre o faz, história tão divertida que me fez rir de verdade! Parabéns e obrigado por estes momentos e, já agora, pelo seu carinho nas visitas ao meu espaço.
    Beijinho e boa semana

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  11. Gostei por emais, pus-me a sorrir e depois ri-me com gosto.
    Descreves tão bem a cena que sou capaz de imaginá-la, de olhos fechados|!

    Boa semana, Graça. Fica na paz

    =)

    (adoro o som de teu blog)

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  12. Uma história bem contada e bastante engraçada.
    Na cidade onde eu nasci, uma cidade bem pequena de interior (ainda é), tinha-se muito respeito com essas ruas e as pessoas sempre evitavam passar por lá e as que não podiam evitar se benziam. Chamavam a rua que levava ao cemitério de "Rua do Vai Deitado" e a que ladeava o cemitério, chamavam de "Rua das Almas", pois acreditavam que elas lá se reuniam em noites de lua cheia.
    Adorei a sua história.

    Também vim te dizer que postei a cortina de crochet que você gostou. Com detalhes.
    Bjs.

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  13. O engraçado é que no inicio é preocupante... Depois é só risos!

    Beijos

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  14. Olá Graça.
    Que acrescentar mais ao que outros já comentaram?
    És uma "arquitecta" das palavras, consegues prender-nos a atenção até ao fim... Mais uma história ligada à nossa juventude que gostei muito.
    Eu, a minha mãe e o meu irmão continumos bem graças a Deus e vivemos na mesma vila.
    E contigo tudo bem?
    Um abraço Mª Adélia

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  15. Adélia
    Felizmente, estou bem, já aposentada mas com inúmeras actividades...não sei estar parada e enquanto Deus me der saúde...vou fazendo caminho!
    Beijos para todos.
    Graça

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  16. Ah Graça!

    Como é bom rir de manhã... rsrsrsrsrs Imaginei a cena provocada pela tua história e não pude me conter!!!

    Beijos
    Anne

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  17. Oi Graça, suas histórias nos prendem do começo ao fim! Um convite: Participe do blog coletivo "Terra, aquele abraço"... Veja o link no Multivias.
    Um grande abraço!
    Luísa

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  18. Que história incrível, Graça!
    Comecei a le-la preocupada até com o seu medo, imaginando que mais para a frente você nos contaria como fez para perde-lo, sem poder imaginar um desfecho tão (e peço perdão pela irreverência) engraçado...
    Que imenso prazer ler seus escritos, seus textos sempre tão surpreendentes!
    Beijos e lindo dia para você.

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  19. Olá Graça

    Mais um "recordar" descrito com a tua forma tão peculiar que nos prende desde o inicio.

    Parabéns pelo texto.

    Bjs.

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  20. Ola Graça, muito engraçada esta história, obrigada por me fazeres rir.
    Tem uma boa semana, beijos ternos
    Isa

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  21. Oi Graça, KKKK... Só mesmo o humor de um Pereira para escrever esse conto.
    Valeu pela visita e comentário.
    Volte outras vezes.
    Abraços de luz.

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  22. Extremamente interessante a facilidade com que sua amiga aprendia a condução. Nada tinha importãncia e o morto não saia do caixão - estava morto.

    Então nesse funeral vip as pessoas eram demais para uma rua tão estreita.
    Ele cheia de vigor entrou, mas depois, como seria evidente, atrapalhou-se com os pedais e
    acelerou em vez de travar, coisa fácil de acontecer a quem não tem práctica de condução
    e teve um ataque de pânico e pensou ter morto
    o que já estava morto

    Muito bem escrito, como apanágio de sua pessoa.

    adorei!

    Mª. Luísa

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  23. prendeste-me à "estória"...
    de inicio parecia-me um caso muito sério e preocupante...mas (com todo o perdão) terminas num estilo que me fez dar uma boa gargalhada.
    Obrigada!
    boa semana tb para ti!
    bjinhos

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  24. Comecei a leitura um pouco arrepiada, é claro que acabei em gargalhada pegada! que delicia Graça!
    Bjs

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  25. Graça 2ª. tentativa de lhe enviar comentario.
    Como é que essa sua amiga vai passar a ser
    uma boca condutoura...mas está com piada!
    Obrigada pelo comentário no dia da cor.
    Uma taça a nós.
    Beijinhos Graça. Gosto muito de si.

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  26. O título assustou-me...mas, no final eu ria a bom rir!
    Só tu!
    beijo
    Ligia

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  27. Olá Graça,
    Acabei de ler o que escreveste com imensa graça e um bocado de humor negro. Ai eu também não ia conduzir para essa rua! Por cá também havia uma ruazinha assim estreitinha (sem mortos), que sempre se ia lá fazer uma inversão de marcha, eu ficava sempre alagada em transpiração!...É ali para a beira da Rua do Vilar, absolutamente inesquecível!
    Beijinhos,
    Manuela

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  28. Olá, amiguinha!
    Adorei conhecer teu cantinho e ler teus belos e divertidos escritos.
    Obrigada pela visita.
    Beijinhos
    Ceiça

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  29. Graça

    uma inversão de marcha fazia eu agora!

    e convidava Tim Burton para realizar o filme, que cabe neste teu guião!

    o título podia ser "o morto cadáver".

    Tens cá um sentido de humor!
    Muito bom!

    beijinhos

    Manuela

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  30. Graça, que imaginação, que talento!! Esse blog aqui, é tudo de bom, adoro passar e ficar!!! E rir, é melhor ainda!!!
    Beijos

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  31. Interessante a história...a vida é cheia de surpresas, paz.

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  32. Olá amiga!

    Aquilo que está escrito no coração não
    necessita de agendas porque a gente não esquece.
    O que a memória ama fica eterno.

    (Rubem Alves)

    Um beijo no coração!

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  33. Graça querida. O tema é fúnebre, mas não pude deixar de rir um bocado. Imaginei a cena. Não dá para controlar. Amei. Como tudo que escreve. Beijos e tenha uma ótima semana.

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  34. Querida amiga Graça,
    um episódio na vida da sua amiga que a marcou com toda a certeza, mas não teve a ver com o morto nem coisa que se pareça, provavelmente ela ficou nervosa por ver tanta gente e tão pouco espaço de manobra.

    Beijinhos,
    Ana Martins

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  35. Olá Graça.
    Um história narrada em grande estilo!
    Embora, houvesse um morto, não deixa de ter a sua piada. Escreves muito bem e prendes os leitores. Que tal em pensares em escrever um romance baseado em factos veridicos? certamente que irias ter muito êxito.

    Vou passando por cá.. com muito prazer.

    Boa semana.

    Beijinhos.

    Maria

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  36. Graça
    é a primeira vez que escrevo aqui.
    E ri muito, apesar do assunto.

    Teu blog é ótimo!!!

    Beijo!!!

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  37. Muito interessante e engraçada a história!
    Gostei!

    Beijos

    Lia♥

    Blog Reticências...
    http://liaks25.blogspot.com

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  38. Oi Graça. Obrigada pela visita, amiga. Vim covidar pra ver meu novo vídeo no BLOG: SENTIMENTOS.
    http://sentimentos-jacque.blogspot.com/

    Beijo

    Jacque

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  39. Graça

    Seu comentário ao meu poema "Clarões" está de
    uma beleza incontestável. A Graça escreve de
    forma bela, como prosa-poetica que é poesia, na
    segunda fase do "modernismo" no Brsasil, com origem no século XIX na França.

    Fernando Pessoa um dos expoentes máximos do modernismo do século XX "nacionalista místico"
    prosador do modernismo ou "Futurismo" em Portugal.
    Prosa-poetica :
    É a prosa que quebra algumas regras normais da mesma para atingir uma imagética mais sofisticada ou um maior efeito emocional.

    A prosa poetica virá representar um compromisso na importância relativa de dois elementos formantes do discurso: o semântico e o formal.
    Como discurso que avança, tendente a um desfecho, a um fim.
    Motivação ritmica.

    Esta é de certa forma a sua maneira de escrever
    Eu optei, de forma humilde, o "futurismo/modernismo" de alguns poetas e
    meus versos desobedecem a algumas regras para
    atingir uma imagética mais sofisticada e um maior efeito emocional. Não esqueço a parte ritmica dos mesmos.

    Disse isto, pois considero seus textos prosa-
    poética que se definem com acabei de escrever.

    Muitos escritores e poetas brasileiros famosos, entraram nesta 2ª. fase do modernismo.
    Em Portugal foi chamado "Futurismo" e temos o poeta Maior do século XX, em "Fernando Pessoa".

    Eu com isto, pretendi traduzir a beleza profunda do que escreve.
    E a forma bela como traduz meu poema "Clarões."

    Um abraço,

    Maria Luísa

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  40. Olá linda :)))
    Obrigada pela tua encomenda :D

    A dezena que estás a dizer em verde é aquela que é com imitação de perolas, certo?

    Quando ao colar demora cerca de 3 semanas a 1 mês a fazer, porque as letrinhas vem do estrangeiro, não tem mal?

    Responde para o meu mail tá:
    cantinhodamimi@hotmail.com

    Beijinhos grandes*

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  41. Olá Graça. Uma história muito bem escrita. Que nos arranca um dorriso. Venho agradecer também o carinho de me seguir muito obrigada deixo um beijinho doce.

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  42. Amiga Graça,

    escreves muito bem. Gosto muito dos seus textos. Nos prende até o final. Esse conto me fez lembrar muito da minha filha, de 10 anos, que está em uma fase de ter muito medo de fantasmas.

    obrigada pela partilha,

    beijinhos

    Gisele

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  43. "CAMINHANTE, NÃO HÁ CAMINHO,
    O CAMINHO É FEITO AO ANDAR.
    AO ANDAR SE FAZ O CAMINHO
    E AO OLHAR PARA TRAZ,
    SE VÊ A SENDA QUE NUNCA
    SE VAI VOLTAR A TRILHAR.
    CAMINHANTE NÃO HÁ CAMINHO,
    SOMENTE RASTROS NO MAR"

    (Antonio Machado)


    A votação continua até dia 21,obrigada.

    Um dia de muita paz e bençãos pra vc amiga.

    beijooo.

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  44. Graça,

    Muito bem 'caçada' esta história de pequena histeria.
    Agora que toda a gente já riu tudo, lembro-me de que se morria mais aqui no 'puto' em desastres de viação, do que na guerra do Ultramar.
    Também na África portuguesa, muitas das mortes de guerra foram devidas a acidentes com viaturas militares, por causas mecânicas e muitos erros humanos. Sem apologias politiqueiras isto é verdade, mas convém à má língua, esconder muitas coisas!

    Adorei a sua frontalidade e positivismo no seu comentário de 30/3 ao post "A guerra colonial" de Olossato.

    Fui lá ler e acabei por deixar uma pequena bicada num comentador (ex-miliciano) "arrependido".
    Não sei se foi pior ser desertor, como Manel Alegre, ou andar por aí a retratarem-se, sem dignidade, porque foram militares no Ultramar.

    Estive lá [Guiné] com muita dedicação, e só lamento os povos estarem numa situação hiper degradante!

    Conheci Angola e S.Tomé. Lamentei sempre e profundamente nunca ter posto os pés em Moçambique. Espero que ninguém me interprete mal, mas as pessoas de Moçambique são especiais...

    Um abraço e
    Kanimambo

    César

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  45. Olá Graça
    Obrigada por tua visita, o que retribuo agora, e tamém por sua palavras de apoio.
    Espero poder ler com mais tempo teus textox, mas já identifiquei com essa garra de ser-realiando.
    Um beijo
    Salete

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  46. Olá Graça, veremos se segue. Obrigada pelas
    suas visitas e palavras. Espero/desejo
    esteja bem. Hoje já está calor.
    Beijinhos/Irene

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  47. Um belo dia pra ti...beijos de amizade e carinho.

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  48. Olá Graça
    Mais um belo conto e este com um final de "arrepiar". Coitada da tua amiga que "matou" quem já estava morto. Retribuo votos de boa semana. Bjo

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  49. Amiga, Graça:
    O instrutor é que tinha razão; Medo mesmo é para se ter dos vivos.
    Excelente narrativa e um fim repleto de bom humor, que faz tanta falta.
    Obrigado pela forma como me lês à transparência lá na minha cubata.
    Sinceros e amigos kandandos.

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  50. Olá Graça

    Conforme ia lendo o seu texto, ia recordando muitos episódios da minha infância, relacionados com a Casa Mortuária de Leiria.
    Eu e o meu irmão, um pouco maids novo do que eu, passávamos lá á porta com frequência, não é que entrávamos sempre para ver quem está lá!
    Por ali ficávamos um bom bocado, observando tudo, e éramos nós que espalhávamos a notícia lá na nossa zona, de quem tinha morrido.

    O seu texto está muito bem escrito e com imensa graça.
    Tive que me rir...

    Dispôs bem.
    Obrigada por partilhar.
    Um grande abraço

    viviana

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  51. Não foi uma tragédia e mais uma vez ficou provado que os mortos já não fazem mal a ninguém, temos que ter atenão é aos vivos...
    Cumps

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  52. Amiga, que texto mais engraçada, adorei.
    Obrigado pelas suas visitas e principalmente pelas doces palavras em relação ao meu filhote.
    O Pedro adora andar nos escuteiros e eu fico feliz, pois penso ser uma mais valia importante para a sua formação como ser humano.
    É verdade amiga, fui operada em meados de Fevereiro, tive de fazer uma histerectomia total, agora já estou quase recuperada, graças a Deus, meu grande amigo, Pai e Protector.
    Um grande beijinho e obrigado pelo seu carinho
    Maria

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  53. Oi Graça,
    adorei o seu texto. A medida que lia, interessada imaginava o que viria no final. Dei boas gargalhadas.

    Um grande abraço.

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  54. .

    . esboço o esboço de um sorriso .

    . a ser um riso ascendente .

    . parabéns, Graça .

    . este texto está bel.íssimo .

    .

    . o meu beijo de sempre,,, .

    .

    . paulo .

    .

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  55. Boa noite amigaaaaaaaaa.
    Muito obrigado pela visita.
    Um beijo grannnnnnnnde.

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  56. Querida Graça,
    texto muito interessante quase tive pena do morto ihihih e da "sua 2ª morte ".

    Obrigada pelo comentário no meu blog e...mais uma vez pergunto qual a caixinha? É que não recebi nada a dizer qual nem para onde enviar etc...

    Beijinhos nossos com carinho

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  57. Graça,
    Que bom passar aqui e encontrar este texto descontraido...me diverti muito!
    Beijo e carinho
    Mari

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  58. Ola amiga,
    Vim te convidar para visitar a interação de amigos. Tem comemoração lá.
    vou te esperar.
    sandra

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  59. Graça,

    Agradeço suas visitas e seu carinho.
    Amo passar por aki...Deixo-lhe um beijo carinhoso. M@ria

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  60. Minha querida Graça
    Belo texto como sempre...realidade muito bem contada, estava a ver no que ia dar, fartei-me de rir.
    Lindo

    Beijinhos com carinho
    Sonhadora

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  61. Um novo blog nasceu.

    Visite-o que é um Bébé.

    Um beijo

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  62. Uma outra escritora que residiu em África contou uma história que me faz lembrar a sua. Em sua casa sempre haviam parados por ali, um indígena e uma garça. Parados ali ao canto da sala de estar, apenas observando, quase mobília.
    O homem era mutável, ora um ora outro, o pássaro se acostumou e ficou por ali em definitivo. Um dia, ela ouviu do masai (massai) o pedido para que ela lesse para ele; ele queria ouvi-la porque suas palavras tinham o mesmo som da chuva.
    Pois então, seus textos para mim tem o mesmo efeito. São amáveis, agradáveis, sempre fazendo o leitor quedar e refletir, mas o que fica é o som. Ele nos regala!
    Obrigado e beijos desde aqui.

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  63. Querida Graça

    Venho deixar-lhe um abraço e desejar-lhe um lindo dia de quarta-feira.
    viviana

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  64. eh eh eh eh eh

    Bom dia Graça!

    Aqui a palhota não se pode definitivamente vir a correr. Já cá tinha estado mas de fugida e não me deu tempo de ler tudo, muito menos de comentar.
    Algumas destas suas estórias parecem contar-nos relatos de um outro mundo :-)

    Um beijo

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  65. A morte é um mistério tão grande que assusta e consequentemente tudo o que com ela está relacionado. Não pude deixar de rir com a cena que aqui tão bem relata. Sabe, Graça, eu não penso muito na morte e por isso não me assusta. Sou como o Gilberto Gil que, numa música dele diz " não tenho medo da morte, tenho medo de morrer". Depois de ver a letra,verá que ele tem razão. Aqui está ela

    não tenho medo da morte
    mas sim medo de morrer
    qual seria a diferença
    você há de perguntar
    é que a morte já é depois
    que eu deixar de respirar
    morrer ainda é aqui
    na vida, no sol, no ar
    ainda pode haver dor
    ou vontade de mijar

    a morte já é depois
    já não haverá ninguém
    como eu aqui agora
    pensando sobre o além
    já não haverá o além
    o além já será então
    não terei pé nem cabeça
    nem figado, nem pulmão
    como poderei ter medo
    se não terei coração?

    não tenho medo da morte
    mas medo de morrer, sim
    a morte e depois de mim
    mas quem vai morrer sou eu
    o derradeiro ato meu
    e eu terei de estar presente
    assim como um presidente
    dando posse ao sucessor
    terei que morrer vivendo
    sabendo que já me vou

    então nesse instante sim
    sofrerei quem sabe um choque
    um piripaque, ou um baque
    um calafrio ou um toque
    coisas naturais da vida
    como comer, caminhar
    morrer de morte matada
    morrer de morte morrida
    quem sabe eu sinta saudade
    como em qualquer despedida.

    Beijinhos e até breve
    Emília

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  66. Graça...

    Uma bela história, que gostei de partilhar contigo!

    Beijos
    AL

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  67. Graça
    Estou aqui com uma forte gripe e só tu para me levares as gargalhadas.
    Como gosto de estar aqui, me faz muito bem.
    Beijos e obrigada por estar sempre presente.

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  68. Era uma rua estreita, um beco obstruído pela pequena fachada da 'Casa Mortuária' que, quando aberta, deixava bem patente a mesa de mármore que tanto servia para as necrópsias como de essa para a exposição dos mortos, envergando roupagens de cerimónia, quiçá, nunca usadas em vida.
    Percorria aquela rua, todos os dias, quando me dirigia para o velhinho Colégio Nuno Álvares e, ao dobrar da esquina, se se via a porta aberta, aquela rua tornava-se ainda mais estreita e comprida, terrivelmente comprida. O meu olhar perdia-se então pelo passeio, não mais que um ou dois metros, e só a visão periférica me permitia dar com o portão da escola, a meia dúzia de passos do local que evitava olhar, para o não reter na memória.
    Certo dia, às quatro da tarde, quando havia o 'intervalo grande' de meia hora, vá-se lá saber porquê, atravessei o portão e assisti ao mais singelo e emocionante adeus funéreo.
    Passaram-se mais de 50 anos, mas lembro-me que estava um dia quente, húmido e abafado e o céu toldado de grossas nuvens escuras prontas a desabar num dilúvio.
    Apenas uma mulher de meia idade velava a urna que encerrava o que fora o seu companheiro. Não havia coroas nem flores, apenas o rosto daquela mulher, chorando em surdina, com a expressão de um 'Stabat mater dolorosa'. As vestes negras e o véu cobrindo a cabeça fundiam as lágrimas ao suor profuso, que imagino gélido.
    Num ápice, o carro funerário chegou, e a urna foi levada e deposta com a mesma fieza e rapidez de uma qualquer bagagem. E arrancou levantando o pó do saibro que cobria a rua. Ainda esperou segundos intermináveis por um taxi enorme, também ele negro, onde entrou trémula, ainda mais mirrada na sua franzina estatura.
    Cruzei com o dela o meu olhar fugaz de criança, mas o suficiente para registar, de forma indelével, o que relato.
    O 'Dodge' partiu veloz, percorreu a rua vazia e acelerou para alcançar o carro fúnebre.
    Ele, parece, fora um daqueles cantineiros do mato que ali consumira a existência. Era tão anónimo e desconhecido que nem o Amaral (Pele e Osso) que ia a todos, todos os funerais, ali esteve presente.
    Nesse dia fiquei mais velho, não estudei e não brinquei.

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  69. Munhamade
    Realmemte a Rua da Morgue marcou bastante a nossa infância e juventude. Nós, alunos do Colégio,vizinhos da dita Capela parece que carregávamos o luto de todos que eram velados ali.As freiras, tinham o cuidado de mandar fechar o portão grande (como nós lhe chamávamos) sempre que havia um funeral...mas nem assim nos conseguiamos abstrair do que passava para lá do muro...
    A tua história é defacto marcante e triste o que vem confirmar que, nemna morte, somos todos iguais...
    Beijo
    Migá

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  70. Tenho uma surpresa para ti no meu espaço.

    Abraços,
    LUmeNA

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  71. Só restou-me uma enorme gargalhada diante desse final 'inusitadamente anunciado'.
    Graça, são essas lembranças que fazem a gente crer que viver sempre vale a pena. Adorei!
    Um grande beijo!

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  72. No misterio do sem-fim equilibra-se um planeta. E no planeta um jardim e no jardim um canteiro no canteiro uma violeta e sobre ela o dia inteiro entre o planeta e o sem-fim a asa de uma borboleta.

    Cecília Meireles

    Feliz Noite........Beijos! M@ria

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  73. A tua capacidade para nos colocar no centro da acção e as palavras que utilizas para a descrever, transforma cada história num acontecimento simultaneamente divertido e empolgante...

    Mais uma vez foi o que aconteceu...

    Beijo,
    António

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  74. MOMENTO DE AGRADECIMENTO.

    É muito gratificante cada vez que abro a página do meu espaço e encontro meus amigos por aqui.
    Cada visita, cada comentário, mesmo que seja um simples OI me dá uma satisfação grande em continuar abri-la diariamente.
    Vocês enriquecem meus dias.
    Me esforço a cada dia para somar emoções com vocês, e as vezes nem respondo à altura.
    A quase dois anos de blog, cresci muito, aprendi muito, devo isso a todos vocês meus amigos e seguidores.
    Não importa o sexo, religião, valores e sim a dedicação diária em comentarem no blog.
    Tenho um respeito enorme por vocês.
    Obrigado por vocês existirem.
    Obrigado a todos vocês amigos e seguidores que votaram no meu blog. Se ele chegou até aqui devo tudo isso a vocês.
    Obrigado por vocês caminharem junto comigo "Pelos Caminhos da Vida".
    Vamos aguardar a próxima votação.

    Ana.

    Fique com Deus.

    beijooo.

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  75. oi querida graça.
    eu também vim para ficar rsrs
    obrigada pelas gentis palavras no meu blog.
    amiga fiquei aflita no começo mas depois diverti muito hehehehe.
    otima história hahahaha genial postagem.
    um abraço com carinho da amiga rita.
    bjos.

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  76. Hola querida Graca, que historia, por Dios!!! Pensè que habìa algo sobrenatural pero luego veo que era un chiste, me reì mucho, que buena forma de comenzar esta mañana!!!!
    Gracias por tu visita, extrañaba venir a verte.
    Te dejo un abrazo cariñoso,
    Maria Cecilia

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  77. Cara amiga,faço votos que esteja de saúde é esse o meu desejo. Cá estou a fazer a visita da praxe.
    Um abraço deste amigo. António Costa.

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  78. Ri muito imaginando a cena.
    só você Graça....
    beijinhos

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  79. Olá Graça, como vai? Estou de volta (ainda bem) e me deparo com esse belo conto. Olha...a proposta da minissérie está de pé , viu? [rs]
    Hilário, Graça.Amei!!!

    Um beijo carioca pra você.

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