quinta-feira, 30 de abril de 2009

As Maias


Hoje, andei a apanhar as maias (ou giestas) como manda a tradição. É um costume que não tínhamos em Quelimane porque lá estas não existiam. Mas os meus pais, como bons transmontanos que eram (e depois também o meu marido) iam-me contando estas tradições tão bonitas do norte de Portugal. A entrada de Maio põe-nos no apogeu da primavera – tempo das flores festejado em muitas latitudes. No dia 1º de Maio, as rapariguinhas de dez a doze anos – as maias – vestiam-se de branco, enfeitadas com fitas coloridas e coroadas com giestas amarelas. Até havia um trono que era revestido destas flores e, à volta dele, dançava-se e cantava-se… Por exemplo, em Vila Real, segundo o testemunho oral dos meus pais, era um rapaz eleito (o Maio-moço) que as pessoas da terra cobriam de flores da cabeça aos pés e que corria a povoação seguido de povo cantando cantigas apropriadas e pedindo para a festa. Chegava a haver competição entre aldeias a ver quem apresentava a Maia mais bonita e o Maio-moço mais animado. Este uso foi-se perdendo um pouco, embora por aqui as maias continuem a serem colhidas e postas nas janelas e portas das habitações. Também os camionistas e os condutores de outras viaturas as apanham para colocar junto ao vidro da frente… Para dar sorte! Velhos gestos que se repetem. Que vêm do fundo obscuro dos tempos… Saudações poéticas e primitivas do homem à terra que se renova, à vida que recomeça e se desata em perfumes e cores… tradições destas, não se devem perder, digo eu!

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