segunda-feira, 15 de junho de 2009

Histórias Da Nossa Zambézia


Semana a semana, em casa de uns ora em casa de outros, jogava-se muito aos dados, ao “bacard”, ao montinho, ao “bluff”, e não raro à roleta também. Quelimane de então (pelos anos 30) não oferecia outros entretenimentos. Tiveram fama as partidas realizadas em casa de José Baltasar Farinha, de Bernardo de Albuquerque, de José Militão, Ferreira de Carvalho e outros. Não tinham, essas partidas, carácter lucrativo. Noite adiante, de madrugada, abria-se a sala de jantar e o serão continuava. Um dia, dois parceiros jogando aos dados, não desejavam dar-se por vencidos. Muitos dos assistentes entravam no despique, satisfeitos por comungarem em muitas bebidas jogadas e perdidas. Noite alta diz o vencedor:
-Bem é melhor ficarmos por aqui, visto que você não tem mais nada para jogar.
-Não tenho? Isso é que tenho! Jogo a minha sogra. (E perdeu-a, explica Francisco Gavicho de Lacerda no seu livro “Figuras e episódios da Zambézia”).
No dia seguinte, a sogra do funcionário – pois de um funcionário público se tratava – pediu audiência ao Governador que fingiu ignorar o que se passava.
- Uma vergonha, senhor Governador, uma perfeita vergonha.
-Sossegue minha senhora. Tem toda a razão. Não são coisas que se façam. - Dissera-lhe o governador aflito e de lenço na boca para não se rir – Fique descansada que irei proceder.
E procedeu mesmo: transferindo o funcionário para outra localidade do Distrito. Coisa sem jeito era se a moda pegasse…

A Mitó minha amiga de Quelimane e antiga colega do CNA, enviou-me este postal e explica-me a sua confecção: é feito com casca de bananeira (não a folha) depois, apenas envernizado por cima. Pessoalmente acho-o uma ternurazinha! É a arte daquele povo a reflorescer outra vez… Que bom!

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